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MBV - Octirodae Brasil

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“O Mistério de Belicena Villca”<br />

alegrar pelo tempo ganho, nos desesperou, devido a que aquela cidade era um ponto<br />

incluído no caminho Chang-Lam, pelo qual se canalizava a maior parte do comércio do<br />

Tibet com a China e por onde se podia transitar com bastante rapidez.<br />

Desde o ano interior, Julho de 1937, a China padecia a invasão dos japoneses, que<br />

já dominavam a Coréia e Formosa desde a guerra com a Rússia de 1905. Nesses dias de<br />

fim de 1938, o Japão havia conquistado a Manchúria e toda costa meridional, ameaçando<br />

estender-se ao interior: Cantão, Nanking, Shangai, Pequim, etc., haviam caído em seu<br />

poder, com um formidável movimento de pinças procuravam agora ocupar a enorme<br />

franja entre os rios Yang Tse Kiang e Hoang-Ho, ou seja, os rios Azul e Amarelo. No<br />

país reinava a decomposição social e, nas regiões que os japoneses ainda não<br />

controlavam, havia estalado com singular violência a guerra civil.<br />

Yushu, situada na fronteira ocidental, estava longe dos japoneses, mas não da<br />

guerra civil. Na cidade existia bastante agitação e de nenhum modo convinha fazer-nos<br />

ver demasiado, pelo que permanecemos ocultos na casa de uma família kâulika. Eles<br />

foram quem nos proporcionaram a informação sobre os dez dias de dianteira que nos<br />

levava a expedição alemã.<br />

Seria impossível alcança-los viajando em caravana como até então. Segundo Von<br />

Grossen, somente nos restava uma alternativa: separarmos das cargas e adiantarmos à<br />

cavalo; o avanço realizaríamos os cinco alemães e oito monges, enquanto os dois lopas<br />

ficariam para guardar os cinco holitas, os cães daivas, os yaks com sua carga e aos recém<br />

incorporados zhos, que são machos híbridos do cruzamento do yak com vaca. Seguindo<br />

esta variante do plano, os kâulikas adquiriram os exemplares melhores que conseguiram<br />

dos pequenos cavalos tibetanos, e cada um tomou os mínimos víveres para dez dias,<br />

posto que naquele caminho de comerciantes se alternavam com freqüência as aldeias e<br />

postos de descanso e provisionamento. O maior peso que devíamos transportar<br />

correspondia às armas, para as quais destinamos dois cavalos.<br />

Nesse mesmo dia saímos de Yushu, tendo dormido por turnos umas poucas<br />

horas. No dia seguinte ladeamos o Yang Tse Kiang ou Rio Azul e demos com a melhor<br />

vantagem depois de quarenta dias de viagem, imprimindo aos cavalos, a partir desse<br />

momento, considerável velocidade.<br />

Suponho que a um oficial experimentado como Karl Von Grossen não lhe havia<br />

escapado em Yushu que jamais alcançaríamos a Schaeffer antes do lago Kyaring se este<br />

nos levava dez dias de vantagem. Indubitavelmente procurou satisfazer da melhor<br />

maneira possível meu desejo de resgatar com vida a Oskar Feil, talvez confiando<br />

secretamente na probabilidade de que, por algum motivo imponderável nossos<br />

perseguidos se detivessem além da conta em algum ponto da rota. Mas tal fato não<br />

ocorreu e eles conservaram a dianteira o tempo suficiente para subir ao Ashram Jafran,<br />

entregar Oskar Feil, e partir novamente rumo ao lago Kuku Noor.<br />

Quando o caminho Chang-Lam cruza o Hoang-Ho, ou Rio Amarelo, que forma<br />

sucessivamente os lagos Kyaring e Ngoring, dista só uns 20 km. Da orla Oeste do<br />

primeiro. Junto a essa ponte encontramos um homem que chamou imediatamente a<br />

atenção dos monges kâulikas: tratava-se de um dos espiões que o Círculo Kâula havia<br />

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