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MBV - Octirodae Brasil

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“O Mistério de Belicena Villca”<br />

libertação da alma a última esperança, e isto parece reduzir o credo druídico ao<br />

nível de uma especulação religiosa comum”.<br />

Muito contraditório, pensava eu no trem. É pouco provável que uns povos<br />

bárbaros como eram os celtas, se submetessem por milhões à condução religiosa, moral<br />

e judicial de Sacerdotes-Juizes, retirados nos bosques, que somente sustentavam uma<br />

“mera especulação religiosa comum”. Algo patente devia exibir os Druidas, algo superior<br />

a uma mera especulação racional, algo que para os celtas era a Verdade.<br />

“Da Teologia do druidismo, César nos conta que os Galos, de acordo ao<br />

ensinamento druídico, diziam descender de um Deus que correspondia a Dis no<br />

panteão latino, e é possível que o considerasse como o Ser Supremo; também nos<br />

diz que eles adoravam a Mercúrio, Apolo, Marte e Minerva, e que quanto a estas<br />

deidades tinham as mesmas crenças que o resto do mundo. Em resumo, os<br />

comentários de César implicam que apesar da doutrina da imortalidade da alma,<br />

não havia nada no credo druídico que fizesse de sua fé algo extraordinário,<br />

portanto podemos deduzir que o druidismo professava todos os dogmas<br />

conhecidos da antiga religião Celta e que os Deuses dos Druidas eram as<br />

deidades múltiplas do panteão Celta”.<br />

Aqui o autor inglês do artigo passava dos limites. Em nenhuma parte, antes deste<br />

último parágrafo, havia dito ou sugerido que os Druidas fossem algo diferente dos celtas,<br />

salvo “que formavam uma Ordem oficial de Sacerdotes”. Mas agora, claramente, dava a<br />

entender que na verdade ignorava as crenças dos Druidas e supunha que eram as<br />

mesmas que sustentavam os antigos celtas. Então, quem eram os Druidas, se não eram<br />

celtas? E por que os celtas haviam mudado sua Religião depois, agora muito provável,<br />

chegada dos Druidas? Perguntas sem respostas. Perguntas para Konrad Tarstein.<br />

“A Filosofia do druidismo não parece ter sobrevivido à prova de seu contato<br />

cultural com as crenças romanas e era, sem dúvida, uma mescla de Astrologia e<br />

Cosmogonia mítica. Cícero (De Divin., i, xli, 90) disse que Divitiacus se jactava<br />

de possuir um grande conhecimento de fisiologia, mas Plínio decidiu<br />

eventualmente (Natural History, xxx, 13) que o saber dos Druidas não era mais<br />

que um monte de superstições. Enquanto aos Ritos religiosos, Plínio (N.H., xvi,<br />

249) fez um impressionante relato da cerimônia de recolher os visgos, e Diodorus<br />

Siculus (Hist., v, 31, 2-5) descreve suas adivinhações por meio do sacrifício de<br />

uma vítima humana. César já havia mencionado que muitos homens eram<br />

queimados vivos em jaulas de vime. É possível que estas vítimas tenham sido<br />

malfeitores e também que tais sacrifícios fossem expiações em massa ocasionais,<br />

mais que a prática comum dos Druidas”.<br />

Equivocava-me ou a Enciclopédia tratava com um argumento subjetivo, de<br />

atenuar aos assassinos Druidas? Porque uma coisa é ser verdugo, tarefa desagradável,<br />

mas socialmente necessária, e outra muito distinta é ser Sacerdote sacrificador de vítimas<br />

humanas: aos verdugos se pode justificar o homem, pois o justiçado é culpável de faltar<br />

à lei, matar ao que falta à lei comum é comumente compreensível: simplesmente eliminase<br />

aquele que é incapaz de conviver em comunidade. Mas os sacerdotes matam para<br />

aplacar a um Deus do qual eles são seus representantes, e propiciam um sacrifício<br />

humano que é comumente incompreensível, somente eles o apresentam como<br />

necessário e somente o Deus os pode justificar. Dava-me conta, então, que se tratava de<br />

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