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MBV - Octirodae Brasil

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“O Mistério de Belicena Villca”<br />

ameaçada minha felicidade por um estranho fato que merece ser mencionado neste<br />

relato, pelas implicações posteriores que teve.<br />

Ao completar o plano de estudos a primeira promoção do Corpo Seletivo – do<br />

qual eu era parte – um de nossos Professores, Ernest Schaeffer, se delegou a tarefa de<br />

selecionar um pequeno grupo para uma “operação especial”. Começou a circular entre<br />

os nossos, o rumor de que tal operação era na realidade uma importante missão na Ásia,<br />

pelo que se produziu um conseqüente estado de excitação geral. Não havia quem não<br />

almejasse participar na ultra confidencial missão que, se dizia, havia sido encomendada<br />

pelo Reichführer Himmler em pessoa.<br />

O Professor Ernst Schaeffer dava aulas de religiões orientais, especialmente<br />

Budismo, Vedismo e Brahmanismo com singular erudição, mas não era oficial das ,<br />

senão da Abwehr, o Serviço Secreto do Almirante Canaris. Por esta razão as conjecturas<br />

indicavam que a missão na Ásia seria uma operação de espionagem, talvez na Índia ou<br />

Rússia.<br />

Nosso pequeno grupo de pilotos da Flieger –H.J. não foi incluído na seleção por<br />

alguma razão que ignorávamos e, ainda que a rígida disciplina interna exigisse absoluta<br />

obediência e subordinação, eu não acreditava faltar a nenhum regulamento se me<br />

oferecesse como voluntário. Não sabia o destino da misteriosa missão, mas o entusiasmo<br />

por ser admitido me fez pensar que o conhecimento em dez línguas orientais seria um<br />

bom argumento para conseguir meus propósitos.<br />

Conforme esta convicção fui um dia ao encontro de Ernst Schaeffer. Encontravase<br />

em aula com um grupo de seis camaradas do Corpo Seletivo, dando-lhas algum tipo<br />

de instrução. Uma só olhada na lousa, de onde pendiam cartazes com desenhos de<br />

corpos humanos cobertos de flores de lótus, me bastou para saber que se tratava e<br />

explicações sobre os antiqüíssimos conceitos filosóficos do Tantra Yoga.<br />

A cara de desgosto que fez ao me ver foi como um presságio de que em algo me<br />

havia equivocado ao supor que o Professor poderia inclui-me em seus planos. Não<br />

obstante o mau pressentimento que tinha, decidi jogar minha cartada.<br />

- Heil Hitler – saudei.<br />

- Que deseja Von Subermann? – disse ignorando a saudação política.<br />

- Perdão Herr Professor. Soube que o senhor seleciona pessoal para uma<br />

importante missão na Ásia e, se bem que não saiba grande coisa sobre ela, desejo que<br />

considere a possibilidade de incluir-me. Ou seja, me ofereço voluntariamente.<br />

- Você, Von Subermann? – me olhava aguçando a vista, com uma expressão<br />

cínica – E para que deseja ir à Ásia, Von Subermann?<br />

- Creio que não me compreendeu, Herr Professor. Eu desejo ser útil à pátria e<br />

esta é uma forma de demonstrar. Talvez meus conhecimentos dos costumes e línguas do<br />

Oriente Médio, possam servir em sua missão. Ou minha licença de piloto. Ou as línguas<br />

do distante Oriente. Tenho vontade de servir e por isso me ofereço – disse com<br />

convicção.<br />

O gesto, em princípio sarcástico, na cara do Professor, estava se tornando<br />

agressivo e em seus olhos faiscava um brilho de ira. Eu tampouco me intimidei e já<br />

sentia o sangue ferver nas veias. Afinal de contas, nesses 1937, eu tinha 19 anos e o<br />

orgulhoso Professor, não mais de 25 ou 26. Ou seja, idades nas quais convém medir as<br />

palavras e os gestos...<br />

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