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MBV - Octirodae Brasil

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“O Mistério de Belicena Villca”<br />

viver como fugitivos. Mas agora é diferente, muito tempo se passou... não convém a<br />

ninguém remexer naquilo! – havia uma súplica na voz de minha mãe.<br />

- Mãe, não respondeu a minhas perguntas e isso está mal. Não confia em mim?<br />

- ... - Somente um olhar como resposta.<br />

- Diga-me o que sabe, pois é muito importante para mim, para meu futuro,<br />

entende? - assegurei com firmeza.<br />

Era evidente que não entendia e decidi ser mais convincente.<br />

- Estou atravessando uma terrível crise espiritual, Mãe. O destino me pôs frente a<br />

uma diabólica encruzilhada de caminhos, onde um erro de escolha significa extraviar-me<br />

pelo caminho errado, cheio de obstáculos e perigos reais. Tuas respostas me ajudariam a<br />

não falhar; creia-me, Mamãe – tomei suas mãos entre as minhas em um desesperado<br />

esforço por infundir-lhe confiança.<br />

- Não entendo nada do que diz, mas pressinto que você realmente está<br />

preocupado, filho. Direi o que deseja saber, e Deus perdoe meu erro ao fazê-lo, -<br />

respirou profundamente e continuou – Kurt, ele quem você viu naquela noite de 1947.<br />

Meu irmão Kurt, que foi dado como morto ou desaparecido em Berlim em 1945, estava<br />

na realidade cumprindo uma missão na Itália quando terminou a guerra. Permaneceu<br />

dois anos escondido num Mosteiro franciscano do Sul da Itália, até que em 1947 pode<br />

vir à Argentina, graças a uma rede de ajuda para fugitivos de guerra, que funcionava<br />

apoiada pelo governo do Presidente Perón.<br />

- Mas, Mãe – interrompi 0 por que não foi para o Egito, para a fazenda da família?<br />

O governo egípcio foi muito protetor dos alemães, especialmente depois da fundação do<br />

Estado de Israel em 1948.<br />

- É um mistério. Jamais quis dizer, nem o motivo da perseguição, já que tinha<br />

apenas 30 anos – raciocinava Mamãe ingenuamente – e quase sempre teve destinos<br />

diplomáticos.<br />

- Mas o que era ele durante a guerra? – perguntei intrigado – civil ou militar?<br />

–Militar; Oficial das Waffen- . Major ou algo assim. Lembre-se que em 1938 eu<br />

me casei com seu pai e vim para a Argentina perdendo contato com ele por muitos anos.<br />

Kurt já pelos 32 era chefe de Esquadra, ou seja, Faehnleinsführer, da Juventude<br />

Hitlerista ou Hitlerjugend, na coletividade germana do Egito. Graças a uma gestão de<br />

meu pai, que por seu título nobre gozava de certa influência na Alemanha, em 1938<br />

partiu para estudar em uma das escolas Napola, Nationalpolitischen<br />

Erziehugsanstalten, de Berlim. Depois só o vi em três ocasiões, a última antes de partir<br />

para a Argentina, no Natal de 1937; logo se passariam 10 anos até que em 1947 apareceu<br />

por aqui. Durante esse tempo não soube muito dele, pois recebia cartas cerca de uma<br />

vez por ano e nunca diretamente, já que Kurt escrevia ao Egito e dali meu pai as enviava<br />

para cá.<br />

De modo que não sei quase nada sobre sua carreira; só o pouco que me pode<br />

contar na correspondência de seus anos de estudante e menos durante a guerra, em que<br />

se mostrava vago por demais. Sei que na escola Napola se sobressaiu por seu<br />

conhecimento nas línguas do Oriente Médio e isto lhe valeu para realizar vários cursos<br />

especiais, mas não conheço especificamente em que consistiam.<br />

Recordo que em seus primeiros anos estava feliz porque he foi permitido<br />

ingressar numa divisão da escola de Napola chamada, se não me engano, Fliejer H-J,<br />

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