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MBV - Octirodae Brasil

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“O Mistério de Belicena Villca”<br />

propostas por Rodolfo e os Senhores do Cão, ainda que conservasse até meados do século XIV o segredo<br />

de sua linhagem.<br />

Mas nem tudo ocorreu como Rodolfo esperava: houve uma exceção, mas, como disse ao começo, isso<br />

não modificou os objetivos da Estratégia. O problema foi com Valentina, que era uma jovem cheia de<br />

dotes mas extremamente apaixonada. Rodolfo tinha acertado com um Senhor de Flandres, partidário<br />

tanto ele como sua família dos Domini Canis, o compromisso de casamento entre seu filho e<br />

Valentina: o prometido, um Capitão às ordens do Duque de Flandres, estava decerto de acordo com as<br />

bodas. Mas Valentina não. Por quê? O que ninguém imaginou naquele conselho de família, tinha<br />

ocorrido em San Félix de Caramán: Valentina se apaixonara perdidamente por Pedro de Creta.<br />

Naturalmente, algo havia de especial no Cavaleiro bizantino posto que já tivesse sido amado por outra<br />

Dama de Tharsis, sua finada esposa. Mas a paixão que desta vez despertou no Frio Coração de<br />

Valentina superou a argumentação ou conselho dos Homens de Pedra; a Dama não aceitava nenhum:<br />

ou se casava com Pedro de Creta ou a Estratégia de sobrevivência da Estirpe não passaria por ela. E o<br />

que dizia o próprio Pedro ante isso tudo? Sem dúvidas ele também estava apaixonado, mas, afirmava, o<br />

juramento contraído frente sua família assassinada o inibia para formalizar outro casamento: antes<br />

deveria tomar vingança, castigar de algum modo os malditos Golen. Com esse propósito chegara até ali, e<br />

ainda aguardava ser orientado para a guarida dos Demônios. Mas sua paciência se acabava e se não<br />

obtinha logo a direção, partiria só, se pondo em rumo como Cavaleiro errante, nas mãos de Deus.<br />

Como se vê, a situação era complicada mas não impossível de se resolver. O dilema que poderia ser<br />

Pedro de Creta, sobre se seria ou não digno de desposar uma Dama de Tharsis, já estava logo elucidado<br />

com seu anterior matrimônio. Sua família era da nobreza bizantina; na repartição da herança, tinha<br />

sido difamado por intrigas de certos familiares e finalmente se viu obrigado a fugir. Um dos Senhores de<br />

Tharsis o reconheceu em Constantinopla e lhe ofereceu aquele posto na Espanha. Tinha agora trinta e<br />

oito anos; e já expus as circunstâncias de sua viuvez. Em princípio pois não tinha obstáculo inexorável<br />

para sua união com Valentina; tudo se resumia em convencer o Cavaleiro sobre a importância daquela<br />

união. Mas tampouco seria fácil consegui-lo, já que isso exigia explicações – e muitas. Um novo<br />

Conselho de Família decidiu ao fim anular o compromisso com o Senhor de Flandres e falar às claras<br />

com Pedro de Creta.<br />

Foi-lhe dita a verdade. O fizeram entender que o poder terrível dos Golen não podia ser enfrentado<br />

por homem nenhum se se contava somente com o sangue e a espada: era necessária também a Sabedoria;<br />

e a Ela poderia encontrá-la entre os Domini Canis, aos quais ele foi convidado a se integrar. Mas<br />

não lhe ocultaram o perigo mortal que correria se sua boda com Valentina de Tharsis fosse descoberta:<br />

seria consciente, dolorosamente consciente, de que em tal caso sua família poderia ser novamente<br />

exterminada pelos Golen. Pedro de Creta entendeu assim que o maior dano possível ao Inimigo seria a<br />

constituição de uma família do sangue de Tharsis que perpetuasse em segredo a herança da linhagem. E<br />

então se mostrou disposto a seguir o plano de Rodolfo de Espanha!<br />

A presença de Pedro de Creta se justificou pela amizade que tinha com o Barão de San Felix, isto é,<br />

com o “Cavaleiro Romano” que representava o Homem de Pedra, e logo pelo matrimônio com a “irmã”<br />

dele, uma jovem castelhana de nome Valentina. O casal passou a maior parte da vida recluso no<br />

Castelo, assim como a família de Arnaldo Tiber, sem despertar nunca suspeitas do Inimigo sobre sua<br />

origem verdadeira. Para a exploração da propriedade, e cobrir toda possível suspeita entre os aldeões, os<br />

castelhanos contaram com a ajuda inestimável de uma família de vilões aos quais se tinha confiado a<br />

granja. Os Nogaret, que assim se chamavam, provinham de uma antiga linhagem occitana<br />

profundamente comprometida com a “heresia cátara”, isto é, a Sabedoria Hiperbórea. Vários de seus<br />

familiares foram queimados por Simão de Montfort durante o sítio de Albi; o resto da família teria tido<br />

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