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MBV - Octirodae Brasil

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“O Mistério de Belicena Villca”<br />

argentino que passa por pessoa culta, Massera, disse num discurso: “Estamos<br />

combatendo contra niilistas, contra delirantes da destruição, cujo objetivo é a<br />

destruição em si, ainda que se mascarem de redentores sociais”. Muitos dos<br />

mortos e desaparecidos não eram outra coisa senão idealistas que acreditavam no mito<br />

infantil da “revolução social” como meio válido para instalar uma ordem mais justa no<br />

mundo. Precisamente por crer (por ser idealista), não viram a diabólica trama de<br />

interesses em que estavam insertos; precisamente por crerem, foram alguns doutrinados,<br />

armados e lançados imbecilmente à aventura, pelo mesmo Sistema sinárquico que depois<br />

os reprimiu. E não penso somente nos que empunharam as armas, que talvez<br />

merecessem morrer por apátridas, senão em tantos outros que caíram sem conhecer o<br />

cheiro da pólvora; por cometer o “delito” de armar ideais que afetam algum interesse ou<br />

privilégio.<br />

Isso não é niilismo. Niilista é a repressão desbocada, a censura asfixiante, a<br />

mediocridade instituída, a corrupção oficializada, a lavagem cerebral digitada, enfim, a<br />

tirania implacável, embasada obscenamente numa linguagem “democrática” ou “liberal”.<br />

O triunfo do Sistema é a estabilidade de uma ordem de coisas corrupta, de uma<br />

sociedade edificada sobre a usura e o materialismo, de um país cuidadosamente<br />

desenhado para que se insira uma geopolítica estrangeira, planejada em detalhes pela<br />

Sinarquia Internacional dos Grandes Imperialismos.<br />

O que nos oferece este mundo contemporâneo de dólares e aço que valha nosso<br />

sacrifício? Aqui, uma cultura decadente e imoral; ali, um terrorismo sem grandezas. Mais<br />

além, um Poder repressor; acolá, uma Igreja covarde e mentirosa. Para que seguir, se<br />

tudo fede?<br />

Este era meu estado de ânimo quando li a carta de Belicena Villca e por isso<br />

minha reação foi instantânea. Eu, o insignificante Dr. Siegnagel, pouco mais que um<br />

número de ficha ou carnê, alguém perdido na mediocridade cotidiana da remota Salta: de<br />

pronto sou chamado para uma missão de risco, sou convocado pelo Destino!<br />

O sangue me fervia nas veias e algo assim como uma reminiscência de batalhas<br />

passadas, se apoderou de mim. Belicena se perguntava em sua carta se poderia ser um<br />

Kshatriya:<br />

– Pois já o era!<br />

Aparte deste irresponsável entusiasmo, no fundo experimentava uma grande<br />

estupefação a pouco que intentava razoar sobre o conteúdo da carta. Não podia negar<br />

que toda ela desprendia uma força primordial, um halo de antigas verdades esquecidas,<br />

como se Belicena Villca não pertencesse a esta época ou, melhor dizendo, como se fosse<br />

independente o tempo todo. A linguagem era pagã e vital; “fantástica” seria o<br />

termo justo, se não fosse o assassinato de Belicena que convertia esta mensagem<br />

premonitória em algo macabramente real.<br />

Duas perguntas borbulhavam em minha cabeça, saltando o pensamento de uma a<br />

outra, sem solução de continuidade. Onde estava esse “Signo da Origem”, do qual sou<br />

portador, claramente visível para Belicena Villca e aparentemente representante de certa<br />

condição espiritual? Recordava perfeitamente o que Belicena havia escrito no Segundo<br />

ia: “na verdade, o que existe como herança divina dos Deuses é um Símbolo de<br />

Origem no Sangue Puro: o Signo da Origem, observado na Pedra e Vênus, era<br />

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