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MBV - Octirodae Brasil

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“O Mistério de Belicena Villca”<br />

1) conseguir que assuma sua condição de prisioneiro, de pessoa a quem foi tirada a liberdade, e, no<br />

possível, que recorde os dias dourados quando não existiam celas nem cadeias. É necessário que<br />

tome consciência de sua miserável situação e deseje ardentemente sair, previamente a 2) revelar-lhe a<br />

existência da única possibilidade de fugir. Porque bastaria, agora que o prisioneiro deseja fugir,<br />

somente com que saiba da existência da saída secreta. A esta ele a buscará e encontrará por si<br />

mesmo.<br />

Exposto assim, o problema parece muito difícil de resolver: é necessário mexer com ele, desperta-lo<br />

de sua letargia, orientá-lo e depois revelar-lhe o segredo. Por isso é hora de já perguntar-se: há<br />

alguém disposto a ajudar ao miserável prisioneiro? E se houver, como se solucionaria para cumprir as<br />

duas condições do problema?<br />

Devo esclarecer que, afortunadamente, há outras pessoas que amam e procuram ajudar o prisioneiro.<br />

São aqueles que participam de sua etnia e habitam num país muito distante, o qual se encontra em<br />

guerra com a Nação que o aprisionou. Mas não podem intentar nenhuma ação militar para libertá-lo,<br />

devido às represálias que o Inimigo poderia tomar sobre os incontáveis cativos que, além da torre,<br />

mantém em suas terríveis prisões. Trata-se, pois, de dirigir a ajuda da maneira prevista: desperta-lo,<br />

orienta-lo e revelar-lhe o segredo.<br />

Para isso é preciso chegar até ele, mas como fazê-lo se está trancado no coração de uma cidadela<br />

fortificada, saturada de inimigos em permanente alerta? Há que descartar a possibilidade de infiltrar um<br />

espião devido às diferenças étnicas insuperáveis: um alemão não poderia infiltrar-se como espião no<br />

exército chinês, do mesmo modo que um chinês não poderia espionar o quartel das Sem poder entrar<br />

na prisão e sem possibilidade de subornar ou enganar os guardiões, somente resta o recurso de fazer<br />

chegar uma mensagem ao prisioneiro.<br />

Porém, enviar uma mensagem parece ser tão difícil como introduzir um espião. Em efeito; no<br />

improvável caso de que uma gestão diplomática conseguisse a autorização para apresentar a mensagem e<br />

a promessa de que esta seria entregue ao prisioneiro, isso não serviria de nada porque só o fato de que<br />

tenha que atravessar sete níveis de segurança, onde seria censurada e mutilada, torna completamente<br />

inútil esta possibilidade. Além disso, por tal via legal (prévia autorização), se imporia a condição de<br />

que a mensagem fosse escrita em uma linguagem clara e acessível ao Inimigo, que logo censuraria parte de<br />

seu conteúdo e transporia os termos para evitar uma possível segunda mensagem cifrada. E não nos<br />

esqueçamos que o segredo da saída oculta tanto interessa que conheça o prisioneiro, como que o ignorem o<br />

Inimigo. E o primeiro: que dizer em uma mera mensagem para conseguir que o prisioneiro desperte,<br />

se oriente, compreenda que deve escapar? Por mais que o pensemos fica claro que no final a<br />

mensagem deve ser clandestina e que a mesma não pode ser escrita. Tampouco pode ser<br />

óptica devido a que a pequena janela de sua cela permite observar somente um dos pátios interiores, até<br />

onde não conseguem chegar sinais do exterior da prisão.<br />

Nas condições expostas, não fica evidente, sem dúvida, de que maneira podem seus Kameraden<br />

dar solução ao problema e ajudar o prisioneiro a escapar. Talvez se encontre a luz caso se tenha presente<br />

que, diante de todas as precauções tomadas pelo Inimigo para manter ao cativo desconectado do mundo<br />

exterior, não consigam isola-lo acusticamente. (para isso teriam de tê-lo, como a Kaspar<br />

Hauser, em uma cela a prova de som).<br />

Mostrarei agora, como epílogo, o modo escolhido pelos kameraden para brindar efetiva ajuda; uma<br />

ajuda tal que 1) desperte e 2) revele o segredo, ao prisioneiro, orientando-o até a<br />

liberdade.<br />

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