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MBV - Octirodae Brasil

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“O Mistério de Belicena Villca”<br />

inconfundíveis do homem ocidental europeu. Inclusive sua tez, evidentemente bronzeada pelas exposições<br />

solares, eram bastante pálida, e contrastava notavelmente com a pele amarela dos muiscas. Entretanto,<br />

suas indumentárias delatavam que se tratava de indígenas, de outra etnia, mas indígenas afinal: vestiam<br />

uns hábitos negros de lã de llama, muito semelhantes à saia dos Cátaros, e cobriam suas cabeças com<br />

gorros negros, do mesmo material. Mas o que mais atraiu a atenção dos Senhores de Tharsis, o<br />

mais incrível, eram os escudos redondos e emplumados que portavam: no centro, claramente visível,<br />

levavam pintada uma das Vrunas de Navutan. Em sua chegada, arrancaram um murmúrio de<br />

temor da parte dos muiscas e os espanhóis observavam com assombro que a maioria dos guerreiros<br />

evitava olha-los.<br />

Ao deter-se, o chefe ao qual Lito havia dirigido as palavras da Pedra de Vênus começou a chamar<br />

aos dois insólitos homens que o acompanhavam. Depois de descer, os três se aproximaram até a casa<br />

ocupada pelos intrusos. A certa distância pararam e conferenciaram durante uns minutos. Finalmente o<br />

da véspera se aproximou resolutamente e gritou:<br />

Lito de Tharsis vacilou um instante, pois todos os olhos dos Homens de Pedra estavam postos nele,<br />

mas em seguida saiu e se enfrentou com o índio. Como da primeira vez, alçava também a Espada<br />

Sábia. Ao vê-lo, os dois de negro avançaram a seu encontro. Contudo, seu interesse não radicava em<br />

Lito senão na Espada Sábia: ambos disseram a uníssono:<br />

- que em quechua significa: .<br />

Da janela trapezoidal, os Homens de Pedra seguiam atentamente os acontecimentos, prontos para<br />

correr em ajuda de Lito de Tharsis. Não conseguiam ouvir as palavras que pronunciavam, mas era<br />

indubitável que tanto Lito como os Amautas do Gorro Negro falavam a intervalos regulares<br />

Transcorreu os minutos da mesma forma, até que o intercâmbio de palavras e frases adquiriu o<br />

inequívoco tom de diálogo. Por fim, o Senhor de Tharsis girou e encaminhou-se sem problemas para o<br />

albergue de seus parentes; o chefe muisca, por sua parte, deu uma ordem e de imediato os guedhas se<br />

desconcentraram sem protestar: somente a guarda real que acompanhava as liteiras se manteve nas<br />

cercanias da casa.<br />

- O que sucedeu? – Indagou Violante sem poder conter-se, assim que Lito transpôs a porta –<br />

Conseguiste fazer-te entender pelos locais?<br />

- Aparentemente o perigo passou – afirmou Lito, cujo semblante refletia ainda a estupefação que o<br />

embargava – Senhores de Tharsis: enfrentamo-nos a um Grande Mistério. Segundo o que consegui<br />

compreender, estes seres de túnica negra estavam nos aguardando há muitos meses,<br />

quiçá um ano ou mais. As palavras que pronunciei ontem pertencem a uma língua profana, própria do<br />

Império que foi conquistado por Pizarro. Por isso, em princípio não pudemos entender-nos, Mas depois,<br />

e ouçam nem o que vou dizer por que ainda que pareça fantasia, não é. Eles falaram num idioma que é<br />

exclusivo aos Amautas do Gorro Negro, espécie de Iniciados do Culto da Lua Fria, ou minguante,<br />

Aty, ou seja, a Morte Fria; e eis aqui o incompreensível: essa língua é uma variante antiga do<br />

baixo alemão ou do danes. Ainda não o sei com certeza pela forma bárbara em que o falam,<br />

mas creio não me será difícil aprende-la. Naturalmente, que vós estaríeis tão surpresos como eu: como<br />

pode ser que nos estivessem esperando, quando somente os Deuses sabiam que viríamos? E quem são<br />

estes Iniciados, que em terras tão distantes e desconhecida falam uma língua germânica? Por ora não<br />

tenho respostas.<br />

- Mas que faremos agora/ - perguntou Roque.<br />

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