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MBV - Octirodae Brasil

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“O Mistério de Belicena Villca”<br />

- Em efeito – disse – todo Iniciado deve demonstrar que é capaz de impor o<br />

Senhorio do Espírito sobre todas as criaturas animais da terra, por mais selvagens que<br />

sejam.<br />

- Ah – suspirou o Guru – Nos é difícil imaginar vosso mundo assim como a vós<br />

se torna quase impossível representar o nosso. Mais que as raças, nos separa um<br />

Universo de Símbolos, um Muro de Ilusão plantado pelo Grande Enganador. Vós a<br />

miúdo os conformais com palavras vazias, vale dizer, vos contentais com palavras que<br />

representam idéias que tem pouco peso na realidade, idéias que são tão ilusórias como as<br />

restantes formas de Maya. O Signo que vós portais o faz distinto ao resto dos mortais.<br />

Porém, nem vós, nem vossos Gurus sabeis como demonstrar essa supremacia. Pois<br />

bem, com esta simples parelha de cachorros, oh, Bhattaraka, vós fareis o que ninguém,<br />

salvo que porte também o Símbolo de Shiva, é capaz de fazer neste Mundo: Os<br />

revelaremos um Kilkor 38[38] que vos permitirá comandar mentalmente a ambos os<br />

mastins de uma vez.<br />

Dirigir a um cachorro com a mente seria efetivamente incrível para qualquer<br />

mentalidade racionalista, mas eu o considerava possível e o tomava com naturalidade; o<br />

que me parecia incompreensível era aquilo de controlar a “ambos os mastins de uma<br />

vez”. O Guru Visaraga, que continuava explicando as características do sinistro regalo,<br />

não tardou em esclarecer minhas dúvidas.<br />

- Não vos deixeis enganar por seu aspecto feroz – afirmou com veemência – Não<br />

são animais comuns, mas um casal especialíssimo de cães daivas 39[39] , balanceados em<br />

nosso Monastério graças a fórmulas antiqüíssimas que possui o Círculo Kâula: os cães<br />

daivas são manifestações da parelha arquetípica de cachorros, cada um é o exato reflexo<br />

do outro, e ambos emanam perfeitamente do Cão do Céu; inclusive seus corpos etéreos<br />

pertencem à mesma Alma Grupal. São como pares de princípios opostos<br />

manifestados e, normalmente, um neutraliza ao outro sem remédio. Durante uma<br />

guerra muito antiga, talvez anterior à que narra o Mahabarata, os Gurus treinavam aos<br />

cães daivas como arma, para que atacassem em par e não pudessem ser detidos pelos<br />

inimigos de varna inferior. Somente os Kshatriyas, os Heróis espirituais, os que por<br />

seu Sangue Puro se encontravam “além” dos princípios opostos de Kula e Akula,<br />

conseguiam deter os cães daiva. É o que vós, que ostentas o Signo de Shiva podereis<br />

fazer hoje com Kula e Akula!<br />

Vês – concluiu o Guru – que ainda que vosso poder de deter a um mastim<br />

enfurecido mediante vozes de comando vos possa parecer uma façanha inimitável, e<br />

talvez o seja no Ocidente, nada poderíeis fazer contra uma parelha de cães daivas. Logo,<br />

falo dos Iniciados em geral, porque vós, Doce Peregrino, sois distinto a todos,<br />

possuis o antigo Tão, a quietude ativa de Shiva meditando: Vós podeis dominar aos<br />

cães daivas com a mente porque Vosso Espírito está além de Kula e Akula!<br />

Imagine, neffe Arturo, oito varas com uma trisula ou tridente em cada extremo,<br />

ou seja, oito varas e dezesseis tridentes, dispostas paralelamente uma junto à outra e<br />

38[38] Yantra o Mandala (em tibetano: Kilkor). Figura geométrica para uso ritual ou mágico. Significa “cerco”. O termo<br />

“kor” da a idea de “encerrar” ou “aprisionar”. Com mais amplitude, um kilkor pode ser uma muralha ou fortificação,<br />

sentido que también alcanza al “mandala” sánscrito.<br />

39[39] Cães daivas : cães “divinos”, cães dos Deuses.<br />

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