23.04.2013 Views

MBV - Octirodae Brasil

MBV - Octirodae Brasil

MBV - Octirodae Brasil

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

“O Mistério de Belicena Villca”<br />

Por último: conserve os cães daivas mas não os use a não ser em caso de extrema<br />

necessidade. O mesmo vale para suas habilidades Iniciáticas: mantenha-se alerta, bem<br />

treinado, mas não atue a não ser em caso extremo. Essas são suas ordens: esperar.<br />

Sobreviver, proteger-se e esperar !<br />

–Por todos os Deuses! –gritei fora de mim–. Esperar o quê?<br />

–Não posso dar-lhe mais informação –respondeu Tarstein impassível–. Cumpra<br />

suas ordens e saberá!<br />

Deu-me um aperto de mão, e como se tal saudação não bastasse, me abraçou.<br />

–Até sempre, Kurt Von Sübermann. Vá tranqüilo, que seu aporte foi de utilidade<br />

incalculável para a causa da Ordem Negra .. O Terceiro Reich o condecorou com a<br />

Cruz de Ferro, mas a Ordem lhe concederá algum dia uma distinção ainda mais valiosa,<br />

que você ganhou merecidamente. Repito-lhe: pronto nos encontraremos novamente,<br />

durante a Batalha Final, ainda que não nos encontremos mais nesta vida.<br />

Estávamos na porta. Eu tinha saído e tinha a inútil motocicleta, enquanto me<br />

escutava dizer a Konrad Tarstein quase as mesmas palavras do gurka Bangi. Queria<br />

chorar de impotência ante todo aquele absurdo: todos morriam ou iam embora.<br />

Somente eu, testemunha muda de uma realidade terrível e secreta, devia permanecer no<br />

Inferno. E sem saber por quê.<br />

–Heil Hitler! –gritei saudando, enquanto a porta da Gregorstraße 239 se fechava<br />

atrás de mim para sempre.<br />

Arranquei a moto e, esquivando dos escombros, dei a volta no quarteirão. Antes<br />

de completar a terceira quadra alguém atirou em mim desde um terraço. A bala<br />

seccionou limpamente o garfo e a roda dianteira se cruzou de golpe; apertei os freios e<br />

voei metros adiante. Sem deixar de rodar me ocultei atrás do chassis incinerado de um<br />

carro, perseguido por uma chuva de balas. “Esqueci que tinha uniforme russo e estava<br />

passeando por uma rua solitária de Berlim sem proteção alguma”. Soltei vários<br />

xingamentos e corri para a esquina, me apegando às paredes. Achava-me novamente na<br />

Gregorstraße. Já estaria longe dali se não tivesse me proposto uma última visita à casa de<br />

Tarstein. Avancei os metros que me separavam dela olhando ambas as esquinas,<br />

alternativamente. Era noite escura mas não silenciosa; esse 30 de Abril amanheceria<br />

acompanhado dos mais encarniçados combates e o ruído de balas, obuses e bombas era<br />

ensurdecedor.<br />

Pronto comprovei desolado que a advertência de Tarstein não era vã. De fato, o<br />

239 não existia agora na Gregorstraße. Mas sim o local de onde eu partira; o<br />

evidenciavam as marcas recentes de pneu da motocicleta na rua. Mas a porta 239, frente<br />

a essas marcas, não estava lá. Em seu lugar estava a porta de um comércio bem<br />

conservado. Tirei com a mão a capa de pó que cobria a placa e li: “Buchhandlung<br />

Hyperbórea” 72[72] . Senti passos se aproximando; talvez os franco-atiradores que me<br />

dispararam minutos antes. Ali não havia nada a ser feito, assim que corri em disparada na<br />

direção contrária.<br />

72[72] Livraria Hiperbórea.<br />

676

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!