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MBV - Octirodae Brasil

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“O Mistério de Belicena Villca”<br />

- Desculpe-me Arturo. A verdade é que você não chegou a tempo. Só o disse<br />

pensando na investigação, pois ignorávamos seu paradeiro. Não sei como dizer, deve<br />

entender que sou um policial, não psicólogo, mas deve saber que toda a sua família foi<br />

assassinada de modo estranho.<br />

Ameacei dirigir-me ao interior da casa, visto que ainda não haviam embarcado<br />

nenhum corpo nas ambulâncias, mas o Comissário me deteve. “Aguarda um instante,<br />

Arturo, porque é meu dever te interrogar: Você sabia que algo havia ocorrido aqui? De<br />

onde você vem agora?”.<br />

- Oh, sim! - disse precipitadamente - Sabia que algo de ruim acontecia porque<br />

ninguém respondeu ao telefone na fazenda à uma da manhã. Foi por isso que saímos de<br />

imediato até aqui.<br />

- Mas de onde fez a chamada? Onde se encontrava? - quis saber sem desculpas.<br />

- Bom, na fazenda deste amigo aqui presente, Sr. Cerino Sanguedulce, que é<br />

fabricante de doces em Santa Maria de Catamarca e com quem estava ajustando um<br />

negócio para vender nossa produção excedente. Fazia uns dias que me encontrava ali.<br />

- Está bem, Arturo, vou verificar - disse, enquanto guardava a caderneta na qual<br />

anotava todos os dados.<br />

- Bom, podem passar. Você é médico, e suponho que tenha sangue frio, mas isto<br />

é diferente:, ou os assassinos, são sem dúvida psicopatas, talvez foragidos do<br />

manicômio onde você trabalha. Cometeram os crimes com uma selvageria nunca vista<br />

por aqui. Melhor entrar preparado.<br />

No interior a desordem era total, a começar pelos ignorantes policiais que<br />

executavam suas ainda mais ignorantes perícias. Na sala de jantar, haviam juntado duas<br />

mesas e sobre elas estavam depositados os cinco cadáveres. Lençóis prudentes cobriam a<br />

exposição dos corpos. Tio Kurt me apertou um braço com sua mão de ferro e descobriu<br />

ele mesmo o primeiro cadáver.<br />

- Beatriz! - Gritou ele.<br />

- Mamãe! Oh, Mamãe! O que te fizeram? - gritei eu desesperado, ao comprovar<br />

que o doce rosto de minha mãe, talhado agora por uma marca de horror indescritível,<br />

encontrava-se degolado de orelha a orelha.<br />

- Vêem? - comentou inoportunamente o Comissário - Se trata do ato animal mais<br />

aberrante que já vi em minha vida, incompreensível, indubitavelmente produto de uma<br />

mente enferma.<br />

Os seguintes corpos correspondiam à minha irmã Katalina e seus dois filhos.<br />

Estes não mostravam nenhum sinal de violência.<br />

- Acreditamos que foram envenenados, e já íamos transportá-los ao IML local<br />

para praticar a autópsia quando vocês chegaram. Agora que já os viram darei a ordem<br />

para que os carreguem nas ambulâncias. Aos outros não há necessidade de levá-los, pois<br />

sua morte é obvia e já foi determinada pelo médico forense: sua mãe foi degolada,<br />

segundo você mesmo comprovou, e seu pai faleceu de traumatismo craniano,<br />

seguramente ao resistir ao ataque. Tem algo a contestar deste diagnóstico?<br />

Balancei a cabeça negativamente e descobri o corpo de papai. O golpe veio de<br />

cima, descarregado com um objeto contundente habilmente manejado, já que só<br />

afundou dois centímetros da caixa craniana, na altura do encéfalo.<br />

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