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MBV - Octirodae Brasil

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“O Mistério de Belicena Villca”<br />

estivesse a par do sentido alegórico do mito não lhe dava capacidade para atuar, mas ao contrário<br />

aumentava suas possibilidades de concretizar o mito: o que adota inteligentemente o papel de personagem<br />

do argumento mítico, interpreta a descrição do mito como um plano ou projeto; mas então não é o<br />

personagem quem atua para concretizar o projeto do mito, mas o Mito que, inconscientemente, motoriza<br />

o personagem para concretizar o argumento: quem aspira a ser Perseu, acabará cortando a<br />

cabeça da Medusa, ainda que creia poder se autocontrolar porque conhece o sentido alegórico do<br />

personagem.<br />

Assim, pois, Dr. Siegnagel, os Golen “dirigiram contra Tartessos o Mito de Perseu” como reação à<br />

expansão econômica e militar que se desenvolvia fora de seu controle e frustrava todos os seus planos: a<br />

resposta é agora clara. Durante os séculos posteriores muitos foram os “Perseus” que tentariam a<br />

façanha de conquistar Tartessos; e quase sempre, integrando as expedições ofensivas, guiando os reis<br />

invasores ou os chefes piratas, chegava o Golen, caricatura de Hermes que assinalaria a localização das<br />

Grayas e seu Olho único, quer dizer, a Espada Sábia. Porque os Golen não esqueciam nunca seu<br />

objetivo principal: roubar a Pedra de Vênus. Essa seria sua parte no saque: todo o resto, o ouro e a<br />

prata, os engenhos, barcos e prósperas cidades, tudo seria para o Perseu vencedor, para o “herói” do<br />

Pacto Cultural. Não era muito que pediam e não seriam poucos os que responderiam a suas intrigantes<br />

propostas. Embora, apesar dessa ofensiva que se fundava na ação universal de um Mito e que obrigava<br />

os tartésios a viverem em permanente estado de guerra, o Reino se defendeu com êxito até o século III,<br />

época em que seu poder começou a declinar frente a outras potências nascentes: Cartago, Grécia e Roma<br />

escreveriam o final da história.<br />

Os gregos do período pré-clássico foram muito receptivos à Estratégia dos Golen e isso os conduziu a<br />

empreender muitas expedições de conquista contra Tartessos: desde suas pujantes colônias em Sicília,<br />

Itália, Gália e, finalmente, na própria Espanha, teriam acabado com Tartessos se não fosse porque<br />

deviam cuidar de suas costas por causa do poderio crescente de Roma. Os romanos, em troca, se<br />

mostraram amistosos com os Tartésios e pouco permeáveis à influência dos Golen: isso não deve se<br />

estranhar lembrando-se que pelas veias da nobreza romana circulava o sangue dos pelasgos da Etrúria,<br />

parentes diretos dos Tartésios. O destino não reservaria, pois, nem a gregos nem a romanos a façanha de<br />

destruir Tartessos. Seria um homem de Cartago, um fenício, um vermelho ou púnico, o novo Perseu que<br />

empunharia a foice de ferro, símbolo invertido e pervertido da meia Lua, e cortaria a cabeça da Medusa,<br />

dando cumprimento à profecia dos Golen.<br />

No século XII a.C. , quando os Filisteus a ocupam e saqueiam, começa a decadência de Sídon, a<br />

cidade mais importante da Fenícia. Inicia-se assim o poderio de Tiro, que não pararia de crescer até que<br />

Nabucodonosor, depois de um sítio de treze anos, a arruína definitivamente em 574 a.C. Mas para esse<br />

tempo, Tiro se expandiu por todo o mundo antigo e possui colônias, como Gades, no Sul da Espanha, e<br />

nas costas da Sicília, nas Baleares, em Cerdeña e, desde 814 a.C. nas costas da África, onde fundaram<br />

a rica e próspera cidade de Cartago. Com a ruína de Tiro cobra preponderância, a partir do século VI,<br />

a colônia cartaginesa, possuidora da maior frota do mediterrâneo ocidental.<br />

Cartago alcançou na História a triste celebridade de ter constituído uma sociedade amoral, formada<br />

por mercadores cuja única ambição era a riqueza, que impunha seu comércio com a proteção de um<br />

exército mercenário; só alguns poucos Chefes militares, em efeito, eram cartagineses: o grosso do exército<br />

estava integrado por homens sem pátria nem lei, quer dizer, por soldados cuja pátria era a que pagasse<br />

melhor e cuja lei dependia do pagamento acertado. Mas o que mais impressionou sempre os observadores,<br />

de maneira análoga à repugnância que causou nos europeus do século XVI, o conhecimento do sangrento<br />

Culto asteca dos Corações Palpitantes, foi o Culto de Moloch, uma deidade a que se deviam oferecer<br />

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