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MBV - Octirodae Brasil

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“O Mistério de Belicena Villca”<br />

limusine para dobrar as agudas curvas do caminho da encosta. Finalmente, poucos<br />

quilômetros antes do topo, achamos o lugar ideal: a borda de um abismo de mil metros<br />

ou mais de profundidade. Ali estacionei o carro negro enquanto Segundo voltava com a<br />

caminhonete vários metros atrás. O caminho era tão estreito que tivemos que voltar<br />

centenas de metros atrás até um lugar que nos permitisse manobrar.<br />

O regresso de Segundo era necessária para prevenir um possível desmoronamento<br />

do caminho, que deixasse a caminhonete separada e impossibilitada de cair da colina.<br />

Porque eu planejava explodir o Aviant e era bem provável que isso ocorresse, como<br />

realmente ocorreu.<br />

Derramei o conteúdo de um galão de dez litros de gasolina dentro do carro;<br />

programei os detonadores eletrônicos com um tempo de cinco minutos; e coloquei uma<br />

bomba sobre o motor, outra na cabine, outra no porta-malas e outra sob o chassis. Ato<br />

contínuo, fechei as portas, o capô e o porta-malas e corri até a caminhonete, que me<br />

esperava cem metros atrás.<br />

A explosão de quatro quilogramas de trotil foi impressionante naquelas<br />

montanhas geradoras de ecos prolongados. O automóvel jamais seria encontrado, pois<br />

só sobraram dele restos disseminados em centenas de metros de inacessível precipício.<br />

Quando cessou a explosão nos aproximamos um pouco e nos asseguramos que<br />

assim se sucederia, pois onde estacionamos o carro havia desaparecido o caminho, uma<br />

avalanche de pedras havia arrastado os restos maiores até o fundo da garganta,<br />

sepultando-os para sempre.<br />

Permaneci dez dias na chácara de Belicena Villca, nos quais conversei muito com<br />

Segundo e nos pusemos de acordo sobre os passos futuros. Falei sobre as últimas partes<br />

da Carta de Belicena Villca e lhe expliquei que tinha indícios certos sobre a possível<br />

localização de Noyo Villca: tudo consistia em encontrar a misteriosa Ordem dos<br />

Cavaleiros Tirodal e seu Pontífice, Nimrod do Rosário. Posto que um capítulo houvesse<br />

se encerrado em minha vida e não havia volta atrás, só me restava prosseguir na aventura<br />

e iniciar a busca da Ordem na Província de Córdoba. Segundo se manifestou decidido a<br />

acompanhar-me nessa missão. Além de ser também um Iniciado Hiperbóreo, discípulo<br />

de Belicena Villca, e possuir um lógico interesse espiritual no assunto, o índio, que<br />

contava com cinqüenta anos de idade, conhecia a Noyo Villca desde menino e faria o<br />

possível para voltar a vê-lo ou prestar-lhe sua ajuda.<br />

Desenhamos, assim, um simples plano destinado a solucionar os últimos<br />

problemas que restavam para viajarmos finalmente a Córdoba. Na chácara havia uma<br />

fortuna em ouro inca, a que mencionara Belicena Villca em sua Carta. Segundo me<br />

ensinou o esconderijo secreto, perto do Menir, onde subsistiam 250kg de ouro em<br />

lingotes: originalmente, me explicou o índio, o ouro constituía o dote da Princesa Quilla,<br />

pois os incas não atribuíam valor monetário ao dito metal; já em Tucuman, e para evitar<br />

problemas surpresas, os descendentes de Lito de Tharsis fundiram todos os utensílios no<br />

Século XVII e ocultaram os lingotes onde agora se encontravam. Nunca a família teve<br />

necessidades dessa reserva, mas nós podíamos tomar o que quiséssemos, pois tal era a<br />

vontade de Belicena Villca.<br />

Mas, aquela riqueza, a meu ver, pertencia a Noyo de Tharsis, e não convinha tocála<br />

naquele momento. Com tudo o que me deixara tio Kurt, tínhamos mais que o<br />

suficiente para começar. Resultava primordial, pois, assegurar o cuidado da chácara,<br />

ainda que nós nos ausentássemos por muito tempo. Disso se ocupou Segundo, trazendo<br />

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