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MBV - Octirodae Brasil

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“O Mistério de Belicena Villca”<br />

Apis doméstica por Reaumur; Apis cerifera por Scopoli; Apis gregaria por Geoffroy,<br />

e muitos outros nomes com que os grandes naturalistas haviam designado o mesmo<br />

inseto”.<br />

Carecia de forças para sair da recordação. Alguém dentro de mim, o mesmo que<br />

tentou me arruinar no abismo na noite do abalo em Salta, me havia traído novamente.<br />

Ah, se houvesse pedido por auxílio à Virgem de Agartha, como então, se me houvesse<br />

deixado raptar por sua Graça Divina! Com certeza esse rapto da mulher absoluta era o<br />

que os kâulikas chamavam de Kula. O Kula me havia transformado em Akula, em Shiva<br />

vivente, e o Espírito havia se situado “além de Kula e Akula”.<br />

Com certeza, pois, esse era o verdadeiro caminho da salvação para sair fora do<br />

cerco dos Demônios, que eu não soube encontrar de começo por clara falta de fé em<br />

Mim Mesmo, pela desconfiança no feito que meu Espírito pudesse ser amado realmente<br />

pela Deusa da Liberdade Eterna.<br />

Em troca, permanecia na aula do Prof. Jacobo Cañás: “os zumbidos dos<br />

himenópteros são geralmente uma combinação de três tons distintos, gerados em<br />

diferentes órgãos. O mais intenso é o das asas, ainda que seja o de menor freqüência:<br />

para um mesmo exemplar de Appis Melifica, varia de estado entre em Lá de 440 ciclos<br />

por segundo e um Mi de mesma oitava de 330 ciclos por segundo; o primeiro tom<br />

corresponde à abelha descansada, no momento de sair da colméia; o último, à abelha<br />

cansada, ao finalizar sua jornada de trabalho”. Percebia precisamente aqueles tons; ouvia<br />

claramente o som das asas ao baterem-se. Os himenópteros voavam até mim. “O<br />

segundo tom que compõe o zumbido característico é produzido pela vibração dos<br />

estigmas que conduzem o ar às traquéias pulmonares; se trata habitualmente de um Si de<br />

594 ciclos por segundo, apreciavelmente mais agudo que o tom das asas, mas menos<br />

intenso”. Escutava agora o zumbido de uma abelha; o zumbido de um enxame; o<br />

zumbido me saturava os sentidos, me paralisava o corpo, me invadia a mente. O<br />

zumbido se apoderava das batidas do meu coração e as sintonizava com sua freqüência!<br />

O zumbido estava me matando!<br />

“O terceiro tom, muito fraco, procede dos movimentos dos músculos abdominais”...<br />

Não terminaria jamais de recordar a aula do Prof. Jacobo Cañás. Na máxima intensidade<br />

da crise cardíaca, sofri uma sensação de calor insuportável, como se meu corpo houvesse<br />

sido jogado de um golpe em um forno incandescente. Mas não, no instante que durou a<br />

convulsão térmica, notei que o fogo não estava fora, mas dentro de mim; que<br />

impregnava todo meu corpo como um líquido inflamado, que se decompunha em gases<br />

quentes. E aquele líquido que ardia era meu sangue.<br />

Um instante durou o impulso calorífico, que me estremeceu ao ritmo do zumbido<br />

apícola, mas eu, naturalmente, acreditei morrer: com uma última visão de agonia<br />

contemplei o rosto de Mamãe, Katalina, meus sobrinhos e muitos outros parentes<br />

desconhecidos até então, mas cujo parentesco era visível. Mas todos os rostos se<br />

pareciam entre si, não em função de uma semelhança genética, mas sim por causa da<br />

expressão comum que manifestavam, provavelmente idêntica à minha neste instante:<br />

todos eram rostos agonizantes, rostos de seres humanos que morriam em meio a<br />

uma grande dor; suas expressões reproduziam a Expressão da Morte. E então<br />

terminou tudo.<br />

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