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MBV - Octirodae Brasil

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Que Isa está disposta!<br />

“O Mistério de Belicena Villca”<br />

Nesse momento três coisas sucederam simultaneamente: o Sol chegou a seu zênite, a música cessou de<br />

golpe, inundando os ouvidos de silêncio; e de uma punhalada certeira o Hierofante tirou a vida da bela<br />

Princesa Cassita. O punhal de jade degolou limpamente o pescoço por cima do colar bicéfalo. Dois<br />

Iniciados sustentaram o corpo exânime enquanto o sangue caia aos borbotões sobre a brilhante gema e se<br />

introduzia em sua fenda uterina, convertida agora em ávida garganta. Então começaram a ocorrer as<br />

coisas mais maravilhosas que os olhos humanos contemplaram desde muitos séculos atrás. .<br />

Os que se encontravam dentro da torre puderam contemplar uma cena terrível: ao cair o sangue<br />

apagou-se por um instante a luz que emanava da Esmeralda, mas depois, como uma flecha, uma coluna<br />

de fogo elevou-se abruptamente do piso da torre, envolvendo o pedestal e a gema. O corpo da Princesa<br />

jazia no chão, impossível de ver sob impenetrável nuvem de vapor geoplasmático que, a cada instante, se<br />

fazia mais densa. Contudo, uma imagem espectral, com sua mesma beleza desnuda, podia observar-se<br />

claramente junto à coluna de fogo entregue a uma espécie de oposição. O prodígio ígneo, que num<br />

primeiro instante não superava a espessura de uma pata de elefante, era agora tão largo como um círculo<br />

de seis homens. Inicialmente havia serpenteado ferozmente semelhante a um infernal ofídio, mas depois,<br />

ao expandir-se, foi adotando lentamente a inconfundível figura de um Dragão. Era um Dragão<br />

flamejante cuja espantosa imagem se fazia a cada instante mais nítida, à medida que aumentava a<br />

oposição do fantasma da Princesa Isa.<br />

Convém esclarecer que só havia transcorrido uns minutos desde que a Princesa expirara até o<br />

momento em que se materializara o monstro de fogo. Convém esclarecer, porque à partir dali tudo<br />

sucedeu demasiado rápido... ou talvez as testemunhas perderam a noção do tempo.<br />

Logo as faces daquela besta primitiva, aquele Leviatã, Rahab, Behemoth, ou Tehom-Tiamat<br />

exalaram um rugido terrível, ao mesmo tempo em que uma enorme labareda varria a estância,<br />

consumindo e carbonizando numerosos hierofantes. Somente os sobreviventes puderam observar o<br />

inacreditável espetáculo daquela besta de fogo montada pela Iniciada morta. A Princesa Isa, seu<br />

fantasma, havia montado na cabeça do monstro, sentando-se entre as asas triangulares do escamado<br />

lombo. Essa audácia fez com que o monstro emitisse o infernal rugido e a mortífera chama. Não<br />

obstante, tal reação e as ferozes sacudidas da besta, a Princesa Isa repetia imperturbavelmente essas<br />

palavras:<br />

- Espírito de Enlil, de El, de Yah, de Il<br />

Que fecundas a Terra<br />

E produzes a vida<br />

E engana aos homens<br />

Com tua falsa opulência<br />

E essas ilusórias riquezas que ofereces.<br />

Deus que em alguma vez estivera no alto<br />

Mas que agora está caído<br />

E te tornaste completamente idiota,<br />

Não nos aprisiones também a nós<br />

Neste Universo infernal<br />

Que construíste<br />

Imitando o verdadeiro Céu.<br />

Nós nos iremos<br />

Porque já estamos fartos de ti<br />

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