Volume 3 Parte 1 - Portal do Professor - Ministério da Educação
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III - Desafios educacionais no Brasil contemporâneo<br />
A socie<strong>da</strong>de pós-industrial está mu<strong>da</strong>n<strong>do</strong><br />
a organização <strong>do</strong> trabalho, a produção<br />
e disseminação <strong>da</strong> informação e as formas<br />
de exercício <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia. Essas mu<strong>da</strong>nças<br />
estão impon<strong>do</strong> revisões <strong>do</strong>s currículos e <strong>da</strong><br />
organização <strong>da</strong>s instituições escolares na<br />
maioria <strong>do</strong>s países. Aqueles cujos sistemas<br />
educacionais estão consoli<strong>da</strong><strong>do</strong>s, que promoveram<br />
a universalização e democratização<br />
<strong>da</strong> educação básica na primeira metade<br />
<strong>do</strong> século passa<strong>do</strong>, estão empenha<strong>do</strong>s em<br />
vencer os obstáculos culturais e políticos ao<br />
trânsito <strong>da</strong> escola para o século 21.<br />
Os emergentes como o Brasil, que ain<strong>da</strong><br />
estão concluin<strong>do</strong> o ciclo de expansão<br />
quantitativa e universalização <strong>da</strong> educação<br />
básica, deparam-se com um duplo desafio.<br />
Herdeiro de uma tradição ibérica que destinava<br />
a escolari<strong>da</strong>de longa apenas a uma<br />
seleta minoria, há pouco tempo – cerca de<br />
três déca<strong>da</strong>s –, nosso país ain<strong>da</strong> devia esse<br />
direito básico a quase metade <strong>da</strong>s crianças<br />
em i<strong>da</strong>de escolar.<br />
Quan<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s chegaram à escola e, por<br />
mecanismos diversos, aí permaneceram, ficou<br />
visível nossa incapaci<strong>da</strong>de de criar, para<br />
a maioria <strong>da</strong>s crianças e jovens brasileiros,<br />
situações de aprendizagem eficazes para<br />
suas características e estilos cognitivos. É,<br />
portanto, um país que precisa urgentemente<br />
reinventar a escola para trabalhar com um<br />
aluna<strong>do</strong> diversifica<strong>do</strong> culturalmente e desigual<br />
socialmente. E deve <strong>da</strong>r conta desse desafio<br />
ao mesmo tempo em que transforma a<br />
educação básica para fazer frente às deman<strong>da</strong>s<br />
<strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de <strong>do</strong> conhecimento.<br />
O século 21 chegou, e com ele a globalização<br />
econômica, o aquecimento global,<br />
a despolarização <strong>da</strong> política internacional,<br />
a urgência de <strong>da</strong>r sustentabili<strong>da</strong>de ao desenvolvimento<br />
econômico, a valorização <strong>da</strong><br />
diversi<strong>da</strong>de, as novas fronteiras científicas, a<br />
acessibili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> informação a um número<br />
ca<strong>da</strong> vez maior de pessoas, o aparecimento<br />
de novas formas de comunicação. É nesse<br />
tempo que os estu<strong>da</strong>ntes brasileiros estão viven<strong>do</strong>,<br />
qualquer que seja sua origem social.<br />
Mas é na escola pública que estão chegan<strong>do</strong><br />
as maiorias pobres e, portanto, é a quali<strong>da</strong>de<br />
<strong>do</strong> ensino público que se torna estratégica<br />
para nosso destino como nação.<br />
O acesso é requisito para democratização<br />
<strong>do</strong> ensino básico. Mas, para que esse<br />
processo seja plenamente consoli<strong>da</strong><strong>do</strong>, é urgente<br />
garantir que a permanência na escola<br />
resulte em aprendizagens de conhecimentos<br />
pertinentes. Conhecimentos que os ci<strong>da</strong>dãos<br />
e ci<strong>da</strong>dãs sejam capazes de aplicar no entendimento<br />
de seu mun<strong>do</strong>, na construção de<br />
um projeto de vi<strong>da</strong> pessoal e profissional, na<br />
convivência respeitosa e solidária com seus<br />
iguais e com seus diferentes, no exercício de<br />
sua ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia política e civil para escolher<br />
seus governantes e participar <strong>da</strong> solução <strong>do</strong>s<br />
problemas <strong>do</strong> país.<br />
Este é um tempo em que os meios de comunicação<br />
constroem senti<strong>do</strong>s e disputam a<br />
atenção e a devoção <strong>da</strong> juventude, a escola<br />
precisa ser o lugar em que se aprende a<br />
analisar, criticar, pesar argumentos e fazer escolhas.<br />
Isso requer que os conteú<strong>do</strong>s <strong>do</strong> currículo<br />
sejam trata<strong>do</strong>s de mo<strong>do</strong> a fazer senti<strong>do</strong><br />
para o aluno. Esse senti<strong>do</strong> nem sempre<br />
depende <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de imediata e cotidiana,<br />
pode e deve, também, ser referi<strong>do</strong> à reali<strong>da</strong>de<br />
mais ampla, remota, virtual ou imaginária<br />
<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> contemporâneo. Mas terá de ser<br />
acessível à experiência <strong>do</strong> aluno de alguma<br />
forma, imediata e direta ou mediata e alusiva.<br />
Esse é o ponto de parti<strong>da</strong> para aceder<br />
aos significa<strong>do</strong>s delibera<strong>do</strong>s e sistemáticos,<br />
constituí<strong>do</strong>s pela cultura científica, artística e<br />
linguística <strong>da</strong> humani<strong>da</strong>de.<br />
Em nosso país, a escolari<strong>da</strong>de básica de<br />
12 anos está sen<strong>do</strong> conquista<strong>da</strong> agora pelas<br />
cama<strong>da</strong>s mais pobres, inseri<strong>da</strong>s em processos<br />
de ascensão social. Milhões de jovens<br />
serão mais escolariza<strong>do</strong>s que seus pais e,<br />
diferentemente destes, querem se incorporar<br />
ao merca<strong>do</strong> de trabalho não para sobreviver<br />
e seguir reproduzin<strong>do</strong> os padrões de gerações<br />
anteriores. Trabalhar para estes jovens<br />
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