10.07.2015 Views

Lançamento do livro "História dos índios no Brasil

Lançamento do livro "História dos índios no Brasil

Lançamento do livro "História dos índios no Brasil

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

da pelo índio <strong>no</strong> esquema produtivo <strong>do</strong>spaulistas foi <strong>no</strong> próprio sertanismo. No decorrer<strong>do</strong> século, a participação ativa de índiosnas expedições tornava-se cada vezmais essencial, à medida que se buscavacativos em locais desconheci<strong>do</strong>s pelosbrancos. Para os colo<strong>no</strong>s, expostos a febres,feras e índios desconheci<strong>do</strong>s, a merasobrevivência dependia <strong>do</strong> conhecimentosertanejo <strong>do</strong>s índios.A medida que chegavam aos povoa<strong>do</strong>scoloniais cada vez mais índios, os colo<strong>no</strong>sbuscavam maneiras de consolidarseu controle sobre os cativos. Conforme vimos,a escravidão <strong>do</strong>s índios era proibida.formalmente, pelas leis de Portugal, salvoem casos específicos. Devi<strong>do</strong> ao caráterparticular das expedições paulistas, que raramenteeram sancionadas pelas autoridades,os colo<strong>no</strong>s de São Paulo conviviamcom o permanente para<strong>do</strong>xo entre a condiçãojurídica e a situação real <strong>do</strong>s índiosintroduzi<strong>do</strong>s <strong>do</strong> sertão. Com certeza, aolongo <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> em que vigorava o trabalhoindígena na região, a presença de escravoslegalmente captura<strong>do</strong>s em GuerrasJustas permanecia quase nula.Mesmo assim, os colo<strong>no</strong>s de São Pauloapropriaram-se <strong>do</strong>s direitos sobre a pessoae o trabalho <strong>do</strong>s índios. Se a lei declaravaa liberdade <strong>do</strong>s nativos, o "uso e costumeda terra" ditava a servidão <strong>do</strong>s mesmos.Assim, ao redigir seu testamento em 1684,o casal paulista António Domingues e IsabelFernandes expressaram uma opinião deconsenso quan<strong>do</strong> declararam que os dezíndios sob seu <strong>do</strong>mínio "são livres pelas leis<strong>do</strong> Rei<strong>no</strong> e só pelo uso e costume da terrasão de serviços obrigatórios." Ademais, oscolo<strong>no</strong>s alegavam que esse "serviço obrigatório"fazia-se em troca da <strong>do</strong>utrina cristã,<strong>do</strong> abrigo, <strong>do</strong> agasalho e <strong>do</strong>s bons tratos.O conheci<strong>do</strong> sertanista Domingos JorgeVelho, em carta ao Rei D. Pedro II, justificoueste "direito" da seguinte maneira: "sedepois [de reduzir os índios] <strong>no</strong>s servimosdeles para as <strong>no</strong>ssas lavouras, nenhuma injustiçalhes fazemos, pois tanto é para ossustentarmos a eles e a seus filhos comoa nós e aos <strong>no</strong>ssos; e isto bem longe deos cativar, antes se lhes faz um irremunerávelserviço em os ensinar a saberem lavrar,plantar, colher, e trabalhar para seusustento, coisa que antes que os brancoslho ensinem, eles não sabem fazer."Na Amazónia portuguesa, o sertanismode apresamento também ganhou vulto<strong>no</strong> século XVII, embora exibisse carac-"Tribo Guaicuru embusca de <strong>no</strong>vaspastagens",aquarela s/papel.Jean BaptisteDebrel 1823.Museus CastroMaya. Foto Eduar<strong>do</strong>Mello.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!