10.07.2015 Views

Lançamento do livro "História dos índios no Brasil

Lançamento do livro "História dos índios no Brasil

Lançamento do livro "História dos índios no Brasil

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

ê, em Pirituba, São Paulo) guarda commuito zelo lanças que os Guaranis de SãoPaulo fazem para o comércio, e que <strong>no</strong> espaço<strong>do</strong> terreiro ganham valor de instrumentoslitúrgicos. Outros artefatos utiliza<strong>do</strong>spor Junco Verde vêm de áreasindígenas distantes, como uma bela máscararitual, possivelmente proveniente deuma área Xavante, e que lembra a máscarautilizada pelo orixá Obaluaiê, deus dapeste e da <strong>do</strong>ença.O valor destes artefatos está na suaprocedência: "feito pelos índios". O seusenti<strong>do</strong> é absolutamente outro, ganhan<strong>do</strong>uma força inesperada <strong>no</strong> espaço ritual <strong>do</strong>terreiro. Ao serem "feitos por índios", têma força deste povo, que ao mesmo temporepresenta os <strong>no</strong>ssos gloriosos antepassa<strong>do</strong>s.Ao la<strong>do</strong> daqueles objetos feitos pelopovo-de-santo como "coisas de índios", objetosprovenientes de áreas indígenas atuaissão re-significa<strong>do</strong>s <strong>no</strong> espaço mágico <strong>do</strong>terreiro.Rita Amaral <strong>no</strong>s relata que <strong>no</strong> terreirode Wilson de Iemanjá (Can<strong>do</strong>mblé AngolaYeyé Omó Ejá, em Parelheiros, na cidadede São Paulo), chama a atenção a casa<strong>do</strong> famoso Boiadeiro Laça<strong>do</strong>r:"(...) toda em massapé, coberta de sapé,circular, <strong>no</strong> estilo das malocas indígenas.Esta casa, aliás, foi construída por descendentesde uma tribo indígena quehabita o bairro <strong>do</strong> Cipó (extremo sul deSanto Amaro, depois de Parelheiros). Estesíndios também fazem a manutenção dacobertura da casa <strong>do</strong> boiadeiro, que deveser refeita de tempos em tempos." (1992:102)As representações <strong>do</strong> "índio" pelopovo-de-santo passam também pela história<strong>do</strong>s índios e <strong>do</strong>s africa<strong>no</strong>s <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>:a história <strong>do</strong> contato é reinventada. A mitificação<strong>do</strong> caboclo como o "<strong>do</strong><strong>no</strong> da terra"escreve uma <strong>no</strong>va história na qual seenfatizam as alianças e a suposta uniãoexistente entre índios e negros <strong>no</strong>s antigostempos da escravidão. Os momentos deconflito - onde os índios se unem aos brancoscontra os quilombos, ou os negros lutamao la<strong>do</strong> <strong>do</strong>s portugueses contra as triboshostis - são absolutamente esqueci<strong>do</strong>s(Santos, 1992)."Quem era os <strong>do</strong><strong>no</strong>s das terras em geraleram os índios; então, na luta para tomara terra <strong>do</strong>s índios mataram muitos índios,muito cacique teve que lutar, botaros filho, i<strong>no</strong>centes, sem saber manejar oarco, uma flecha, para lutar pela tribo. Entãomuitos i<strong>no</strong>centes morreram, e muitasíndias grávidas, muitos menininhos que fi-

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!