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Lançamento do livro "História dos índios no Brasil

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índio de aldeia inimiga, captura<strong>do</strong> pelostamoios."Mas já sobre a tarde, estan<strong>do</strong> já to<strong>do</strong>sbem cheios de vinho, vieram à casaaonde pousávamos e quiseram tirar logoo escravo a matar. Nós outros não tínhamosmais que <strong>do</strong>is índios que <strong>no</strong>s ajudassem,e queren<strong>do</strong> eu defendê-lo de palavra,dizen<strong>do</strong> que não o matassem,disse-me um <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is: "Calaí-vos vós outros,não vos matem os índios, que andammui ira<strong>do</strong>s, que nós outros falaremos porele e o defenderemos". E assim o fizeramdeitan<strong>do</strong> a to<strong>do</strong>s fora de casa; mas tornaramlogo outros muitos com eles feito ummagote, e grande multidão de mulheres,que faziam tal trisca e barafunda que nãohavia quem se ouvisse (...) Finalmente olevaram fora e lhe quebraram a cabeça ejunto com ele mataram outro seu contrário,os quais logo despedaçaram com grandíssimoregozijo, maxime das mulheres, asquais andavam cantan<strong>do</strong> e bailan<strong>do</strong>: umaslhes espetavam com paus agu<strong>do</strong>s os membroscorta<strong>do</strong>s, outras untavam as mãoscom a gordura deles e andavam untan<strong>do</strong>as caras e bocas às outras, e tal havia quecolhia o sangue com as mãos e o lambia,espetáculo abominável, de maneira que tiveramuma boa carniçaria com que se fartar"(N&A,99).O tom é macabro, numa descrição derequintes naturalistas que recuperam paraa narração o horror <strong>do</strong> ato. As mulheres,sobretu<strong>do</strong>, aparecem como elementos especialmenteodiosos, verdadeiras harpias.Os espetáculos de matança continuam.O padre <strong>no</strong>s refere um que aconteceu emoutra aldeia: ao saber que pretendiam matare comer um inimigo, Anchieta apressa--se em ir vê-lo, a fim de tentar convertê-lopara a fé cristã. O guerreiro se recusa afirman<strong>do</strong>que os que eram batiza<strong>do</strong>s nãomorriam como valentes. A morte <strong>do</strong> homem,então, é descrita - sem os detalhesmacabros da descrição anterior - mas mostran<strong>do</strong>a atitude da vítima que desafia seuscaptores ao fazer a lista de to<strong>do</strong>s aquelesa quem ele mesmo já comera: "Matai-me,que bem tendes que vos vingar em mim,que eu comi a fula<strong>no</strong> vosso pai, a tal vossoirmão, e a tal vosso filho" (N&A, 108).E o padre só pode lastimar que o homemtenha preferi<strong>do</strong> aquela valentia à salvaçãode sua alma.Nestes três autores podemos <strong>no</strong>tar oconstante interesse europeu pelos habitantesdas terras brasileiras. Caminha, ao escreverpara seu rei está, mais <strong>do</strong> que narran<strong>do</strong>um descobrimento de terras,confirman<strong>do</strong> a existência <strong>do</strong>s "antípodas".A existência, milagrosa quase, de vida emregiões tidas como inabitáveis fascina esse<strong>no</strong>sso primeiro narra<strong>do</strong>r que vai compartilhar,como a mais preciosa das dádivas,sua visão com o rei de Portugal. Aimagem de um povo amigável, ingénuo,i<strong>no</strong>cente como os habitantes <strong>do</strong> paraíso terrestrese desfaz nas próximas cartas, ondetomamos conhecimento da antropofagia,das lutas, <strong>do</strong> mo<strong>do</strong> de vida agita<strong>do</strong> e estranhode um povo cujos padrões se afastavamtanto <strong>do</strong>s conheci<strong>do</strong>s pelos portugueses.Mas, ao invés de ser repudiadaSeloscomemorativos aoIV Centenário dapresença deAnchieta <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> ede sua beatificaçãopelo Papa JoãoPaulo II. ColeçãoNelson DiFrancesco.Beatificação <strong>do</strong> Padre José de Anchieta1 ° dia de circulaçãoEmpresa <strong>Brasil</strong>eira de Correios o Telégrafos

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