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Lançamento do livro "História dos índios no Brasil

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piorar o trabalho nativo. O resulta<strong>do</strong> foi oviolento levante lidera<strong>do</strong> por Manuel Beckmannem 1684, depon<strong>do</strong> o governa<strong>do</strong>r eexpulsan<strong>do</strong> <strong>no</strong>vamente os jesuítas.A revolta de Beckmann, apesar de duramentereprimida, forçou a coroa a se posicionarmais claramente diante da questãoindígena <strong>no</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Maranhão. Apartir da consulta com autoridades régias,missionários e colo<strong>no</strong>s, o Conselho Ultramari<strong>no</strong>lançou o Regimento das Missõesem 1686. Este código restituía <strong>no</strong>vamenteaos jesuítas o controle sobre os aldeamentos,porém, com ressalvas. Por um la<strong>do</strong>,os padres tinham a obrigação deestabelecer <strong>no</strong>vos aldeamentos em locaispróximos aos povoa<strong>do</strong>s portugueses, assimoferecen<strong>do</strong> uma força de trabalho paraa eco<strong>no</strong>mia colonial. Por outro, agoracabia às autoridades leigas a repartição damão-de-obra indígena. Contu<strong>do</strong>, como erade se esperar, este sistema jamais atenderiaà elevada demanda <strong>do</strong>s colo<strong>no</strong>s particulares,acostuma<strong>do</strong>s com o livre acessoa índios <strong>do</strong> sertão. Mediante a insistência<strong>do</strong> Governa<strong>do</strong>r Gomes Freire de Andrade,a coroa recuou em 1688, autorizan<strong>do</strong>a retomada de tropas de resgate anuais,obedecen<strong>do</strong> o mesmo esquema <strong>do</strong>s a<strong>no</strong>s1650. Porém, desta vez foi o próprio esta<strong>do</strong>que assumia os encargos financeiros dasexpedições, assim tornan<strong>do</strong>-se avia<strong>do</strong>r,com a correspondente expectativa de umretor<strong>no</strong> em impostos sobre cada "peça" resgatada<strong>no</strong> sertão. No a<strong>no</strong> seguinte, recuavamais ainda, permitin<strong>do</strong> a organizaçãode expedições particulares, assim abrin<strong>do</strong>mais uma brecha para o descimento e escravizaçãoindiscriminada e não fiscalizadade índios.Portanto, ao invés de controlar a escravidãoindígena e de amenizar as relaçõesluso-indígenas na Amazónia, a <strong>no</strong>va políticana verdade preservava aquilo que oscolo<strong>no</strong>s percebiam como sen<strong>do</strong> o seu direitojá tradicional. Assim, com a usual conivênciadas autoridades coloniais, as tropasoficiais, semi-oficiais e particularescontinuavam a penetrar o sertão com bastanteinsistência. Embora os jesuítas insistissem,até sua expulsão definitiva em1759, em questionar e combater o cativeiroinjusto, as tropas de resgate não apenaspersistiam como ganhavam <strong>no</strong>vo fôlego <strong>no</strong>século XVIII, acoplan<strong>do</strong>-se a um crescentenúmero de expedições de coleta das"drogas <strong>do</strong> sertão".Palco de luta, espaço de sobrevivênciaOs elabora<strong>do</strong>s esquemas de apresamentodesenvolvi<strong>do</strong>s pelos colo<strong>no</strong>s <strong>no</strong> sule <strong>no</strong> <strong>no</strong>rte da América Portuguesa determinavam,em larga medida, os contor<strong>no</strong>sdemográficos da escravidão indígena. Contu<strong>do</strong>,a articulação de um sistema escravistapassava igualmente pela convivênciaentre <strong>do</strong>mina<strong>do</strong>res e <strong>do</strong>mina<strong>do</strong>s.Em São Paulo, à medida que a camadasenhorial apurava seus mecanismos decontrole e opressão, os índios desenvolveramcontra-estratégias que visavam forjarum espaço para uma sobrevivência umpouco mais digna e humana. Resistin<strong>do</strong> àopressão <strong>do</strong>s senhores os índios resistiamà ordem a que estavam submeti<strong>do</strong>s de todasas maneiras possíveis. E se, dada a escassezde meios que dispunham os índios,as revoltas organizadas, embora tenhamexisti<strong>do</strong>, não foram tão frequentes, os cativosmostravam sua rebeldia de todas asmaneiras que dispunham. Fugin<strong>do</strong> <strong>do</strong> cativeiro,furtan<strong>do</strong> de seus senhores e vizinhos,invadin<strong>do</strong> propriedades, negocian<strong>do</strong>produtos livremente, os índiosbuscavam estabelecer alguma independênciade ação frente à estrutura escravista.Nesse senti<strong>do</strong>, os contor<strong>no</strong>s da escravidãoindígena também foram defini<strong>do</strong>s pelasações concretas e as vivências cotidianas<strong>do</strong>s índios.Um primeiro espaço importante foi encontra<strong>do</strong>na elaboração de um comércioparalelo, atenden<strong>do</strong> sobretu<strong>do</strong> o modestomerca<strong>do</strong> proporciona<strong>do</strong> pelos peque<strong>no</strong>snúcleos semi-urba<strong>no</strong>s. Na década de1650, a competição indígena já chegavaa ameaçar as atividades de mascates portugueses,especialmente <strong>no</strong> comércio deprodutos locais, tais como farinha e couros.Diversas vezes ao longo <strong>do</strong> séculoXVII, as autoridades da colónia lançaramofensivas contra esta eco<strong>no</strong>mia informalmovimentada pelos índios. Em 1647, aCâmara registrou uma queixa referente aos"roubos e outras desordens e excessos", decorrentes<strong>do</strong> comércio com os "negros da

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