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Lançamento do livro "História dos índios no Brasil

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Já <strong>no</strong> neolítico, diz ele, estava confirma<strong>do</strong>o <strong>do</strong>mínio huma<strong>no</strong> sobre as grandesartes da civilização - cerâmica, tecelagem,agricultura e <strong>do</strong>mesticação deanimais: "Hoje, ninguém mais pensaria emexplicar essas conquistas imensas pela acumulaçãofortuita de uma série de acha<strong>do</strong>sfeitos por acaso ou revela<strong>do</strong>s pelo espetáculopassivamente registra<strong>do</strong> de determina<strong>do</strong>sfenóme<strong>no</strong>s naturais. Cada uma dessastécnicas supõe séculos de observaçãoativa e metódica, hipóteses ousadas e controladas,a fim de rejeitá-las ou confirmá--las através de experiências incansavelmenterepetidas". Da mesma forma, acentua,<strong>no</strong> neolítico já se registrava o <strong>do</strong>mínio dametalurgia <strong>do</strong> bronze e <strong>do</strong> ferro e <strong>do</strong>s metaispreciosos, "todas exigin<strong>do</strong> já uma competênciaavançada".Neste ponto, Lévi-Strauss coloca umapergunta ainda sem resposta completa: "Seo espírito que inspirava o homem <strong>do</strong> neolítico,assim como a to<strong>do</strong>s os seus antepassa<strong>do</strong>s,fosse exatamente o mesmo que o<strong>do</strong>s moder<strong>no</strong>s, como poderíamos entenderque ele tenha para<strong>do</strong> e que muitos miléniosde estagnação se intercalem, comoum patamar, entre a revolução neolítica ea ciência contemporânea? O para<strong>do</strong>xo admiteapenas uma solução: é que existem<strong>do</strong>is mo<strong>do</strong>s diferentes de pensamento científico,uma e outra funções, não estágiosdesiguais de desenvolvimento, <strong>do</strong> espíritohuma<strong>no</strong>, mas <strong>do</strong>is níveis estratégicos emque a natureza se deixa abordar pelo conhecimentocientífico - um aproximadamenteajusta<strong>do</strong> ao da percepção e imaginação,e outro desloca<strong>do</strong>; como se asrelações necessárias, objeto de toda ciência,neopolítica ou moderna, pudessem seratingidas por <strong>do</strong>is caminhos diferentes: ummuito próximo da intuição sensível e outromais distancia<strong>do</strong>".Mais ainda: "Não voltamos à tese vulgarsegun<strong>do</strong> a qual a magia seria uma formatímida e balbuciante de ciência, poisprivar-<strong>no</strong>s-íamos de to<strong>do</strong>s os meios decompreender o pensamento mágico sepretendêssemos reduzi-lo a um momentoou uma etapa da evolução técnica e científica.Mais uma sombra que antecipa seucorpo, num certo senti<strong>do</strong> ela é completacomo ele, tão acabada e coerente em suaimaterialidade quanto o ser sóli<strong>do</strong> por elasimplesmente precedi<strong>do</strong>. O pensamentomágico não é uma estreia, um começo, umesboço, a parte de um to<strong>do</strong> ainda não realiza<strong>do</strong>;ele forma um sistema bem articula<strong>do</strong>,independente, nesse ponto, desse outrosistema que constitui a ciência, salvo aanalogia formal que os aproxima e que faz<strong>do</strong> primeiro uma espécie de expressão metafórica<strong>do</strong> segun<strong>do</strong>. Portanto, em lugar deopor ciência e magia, seria melhor colocá--las em paralelo, como <strong>do</strong>is mo<strong>do</strong>s de conhecimentodesiguais quanto aos resulta<strong>do</strong>steóricos e práticos (...), mas não devi<strong>do</strong>à espécie de operações mentais que ambassupõem que diferem me<strong>no</strong>s na naturezaque na função <strong>do</strong>s tipos de fenóme<strong>no</strong>aos quais são aplicadas".E esse conhecimento que está ameaça<strong>do</strong>nesta hora crucial para o ser huma<strong>no</strong>,quan<strong>do</strong> as questões fundamentais parecemdeslocar-se <strong>do</strong> campo ideológicoOs índios expressammomentosimportantes de suasvidas pintan<strong>do</strong> suasfaces, seus corpos eseus objetos comurucum. jenipapo,carvão, barro eresinas vegetais eanimais. MulherAssurini. Foto FredRibeiro.

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