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Lançamento do livro "História dos índios no Brasil

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Línguas indígenas <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>contemporâneoRuth Maria Fonini MontserratVirou lugar comum se dizer que hoje<strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> são faladas mais ou me<strong>no</strong>s 170línguas por mais ou me<strong>no</strong>s 200 povos queformam uma população indígena mi<strong>no</strong>ritáriade mais ou me<strong>no</strong>s 250 mil pessoas.Cifras corretas? Mais ou me<strong>no</strong>s. Obtercálculos mais exatos sobre a populaçãototal, embora sempre provisórios, é coisarelativamente fácil de se fazer. Não ocorreo mesmo com as duas primeiras variáveis:é complexo e polémico decidir se as expressõeslinguísticas utilizadas por duas comunidadeshumanas geograficamente separadasintegram duas línguas diferentes,de <strong>do</strong>is povos idem, ou <strong>do</strong>is dialetos deuma mesma língua e, portanto (?), de ummesmo povo.Para que isso possa ser feito de formamais segura, é necessário árduo trabalhoprévio de levantamento, registro e análisedas manifestações linguísticas das distintascomunidades indígenas, ora presentes emterritório brasileiro.É imprescindível também o concursode outras fontes de informação sobre taispopulações, oriundas da antropologia, dageografia, <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> das migrações, da história; etc.É fundamental, enfim, que haja genteinteressada em fazer isso, com recursos suficientespara fazê-lo, o que implica a existênciade centros de pesquisa e de uma políticainstitucional de valorização dascaracterísticas multi-étnicas e multi-culturais<strong>do</strong> país. De qualquer forma, "o conhecimentoque pouco a pouco vamos ten<strong>do</strong>das línguas indígenas e de suas caraterísticasresulta da contribuição de muita gente.Linguistas, antropólogos, naturalistas,missionários têm contribuí<strong>do</strong> para esse conhecimento,e sobretu<strong>do</strong> índios que falamas diversas línguas, os quais têm si<strong>do</strong> oscolabora<strong>do</strong>res essenciais de to<strong>do</strong>s os linguistase antropólogos e de quem querque, bem ou mal, faça as vezes <strong>do</strong> linguista"(Rodrigues, 1986, p. 10).Se um maior conhecimento científicosobre as línguas indígenas <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> é indispensávelpara se poder dizer quantas equais são elas e quantos e quais são os povosque as falam, seu valor não se esgotacom tal "utilidade", e muito me<strong>no</strong>s seu significa<strong>do</strong>.Em primeiro lugar, há uma atraçãoirresistível da espécie humana em direçãoao conhecimento e à criação desistemas simbólicos e teorias explicativaspara tu<strong>do</strong> quanto esteja à sua volta, <strong>no</strong> espaçoe <strong>no</strong> tempo. E depois, porque o conhecimentocada vez maior <strong>do</strong> presente,em todas suas manifestações, permite fazerinferências sobre o passa<strong>do</strong> e planejarações visan<strong>do</strong> melhorar a vida e tornarmais felizes as pessoas que habitam o atual"presente".O que se pode aprender sobre o passa<strong>do</strong>e o presente <strong>do</strong> território brasileiro ede suas populações por meio de um maiorconhecimento das línguas indígenas atualmenteexistentes? Nas palavras de Urban(1992: 87-90), "podemos formular hipótesessobre a localização <strong>do</strong>s povos indígenasem diversos momentos <strong>do</strong> passa<strong>do</strong>... Podemos testar modelos de seqúenciamentocultural histórico que situam a linguageme a comunicação em relação àsforças materiais, económicas e políticas ...Os méto<strong>do</strong>s linguísticos também <strong>no</strong>s fornecemalguns da<strong>do</strong>s quanto à distribuiçãoespacial. Situan<strong>do</strong>-se as línguas historicamenterelacionadas num mapa, pode-sedesenvolver hipóteses quanto à localizaçãodas línguas <strong>no</strong> passa<strong>do</strong> remoto e às migrações que levaram à sua atual distribuição... O méto<strong>do</strong> comparativo permite reconstruirmuitas das palavras que faziam parte<strong>do</strong> vocabulário de línguas faladas há 2 mila<strong>no</strong>s, ou até antes ... Com trabalho suficiente,poderíamos reconstruir as palavraspara plantas e animais, o que <strong>no</strong>s permitiriasaber algo sobre o meio ambiente em

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