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Lançamento do livro "História dos índios no Brasil

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de outras expressões humanas, compartilhan<strong>do</strong>de um modelo de experiência coletiva.Ademais, a capacidade de contextualizara arte, de lhe conferir significaçãocultural é sempre um assunto pertinente àcultura onde está inserida. Em outros termos,os méto<strong>do</strong>s de uma arte e o sentimentoque a anima são inseparáveis, nãose poden<strong>do</strong> compreender os objetos estéticoscomo um encadeamento de formas,mas sim como mecanismo cognitivo quereflete a visão e o senti<strong>do</strong> conferi<strong>do</strong> pelosmembros de uma sociedade específica (Cf.Geertz, 1986).A abordagem desse tema nas culturasindígenas não se restringe, portanto, às estruturas,mas engloba os processos sócio--culturais que moldam a produção, o uso,o significa<strong>do</strong> e a categorização das produçõesartísticas consideran<strong>do</strong> sempre que,nestas sociedades, a arte serve sobretu<strong>do</strong>para ordenar e definir o universo, uma vezque é parte integrante da função cognitivaglobal como escreveu Geertz (1986:124).Muito embora essas ideias sejam agoramoeda corrente entre os académicos, assimcomo se constata que a opinião públicareconhece na arte indígena umpoderoso veículo de expressão de identidadee afirmação étnica, é forçoso lembrarque nem sempre foi assim. Regressemosao passa<strong>do</strong> para delinearmos sumariamenteessa trajetória.índio Wayana trançaum cesto poraxi.Foto Lúcia VanVelthen.Recolhen<strong>do</strong> troféus:o ocidente e os artefatos indígenasO recolhimento de objetos manufatura<strong>do</strong>sdas culturas ameríndias teve iníciocom a descoberta <strong>do</strong> Novo Mun<strong>do</strong>.tornan<strong>do</strong>-se conheci<strong>do</strong>s na Europa tambémpor meio das crónicas orais e escritas,gravuras e desenhos. Eram aprecia<strong>do</strong>s,na época, muito mais por seu exotismo epela raridade <strong>do</strong>s materiais constituintes <strong>do</strong>que por suas qualidades artísticas. Integravamos "gabinetes de curiosidades", precursores<strong>do</strong>s atuais museus <strong>no</strong>s quais eramladea<strong>do</strong>s por materiais heterogéneos: animaisempalha<strong>do</strong>s, pedras, conchas, madeiras(Cf. Ribeiro e van Velthem, 1992).Da segunda metade <strong>do</strong> século XVIIIaté fins <strong>do</strong> século XIX, viajantes e naturalistaseuropeus percorreram as Américas recolhen<strong>do</strong>elementos da fauna, flora, minerais,objetivan<strong>do</strong> sobretu<strong>do</strong> o estabelecimentode sua taxo<strong>no</strong>mia. Paralelamentecoletavam artefatos indígenas, posteriormenteconduzi<strong>do</strong>s para a Europa e deposita<strong>do</strong>sem instituições públicas onde eraminseri<strong>do</strong>s <strong>no</strong> universo intelectual <strong>do</strong>ocidente.O colecionismo <strong>do</strong> século XIX tinhacomo objetivos principais evitar a perda,não apenas das culturas indígenas, compreendidasna época como fadadas à extinção,como também <strong>do</strong> que esses artefatospoderiam testemunhar a respeito daorigem e da evolução <strong>do</strong> homem. O valoratribuí<strong>do</strong> aos objetos era essencialmente liga<strong>do</strong>à sua capacidade de informar a res-

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