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Lançamento do livro "História dos índios no Brasil

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laciosa a ideia <strong>do</strong> isolamento. Sabemos que"objetos manufatura<strong>do</strong>s e microorganismosinvadiram o <strong>no</strong>vo mun<strong>do</strong> a uma velocidademuito maior que a <strong>do</strong>s homens que ostrouxeram" (idem). Sabemos também quea história de contatos interétnicos remotosé necessária para entender a atual conformaçãoétnica e a posição geográfica demuitos grupos arredios. A maior parte dessesgrupos descende de segmentos indígenasque recusaram a situação colonial,ou recompostos por foragi<strong>do</strong>s que se reagruparamem zonas de refúgio. A história<strong>do</strong>s contatos intertribais, igualmente influenciadapela pressão colonial 4 , tambémé fundamental para compreender a posição<strong>do</strong>s isola<strong>do</strong>s contemporâneos.Se a história guia os grupos fugitivospara redutos territoriais e fabrica as unidadesétnicas, ela também vem remodelan<strong>do</strong>permanentemente suas especificidadesculturais. Definitivamente, os povos isola<strong>do</strong>snão são nem sociedades virgens, nema imagem <strong>do</strong> que foi o <strong>Brasil</strong> pre-cabrali<strong>no</strong>.A et<strong>no</strong>logia vem demostran<strong>do</strong> - particularmente<strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>, à luz <strong>do</strong>s complexos processosde resistência cultural indígena -quanto é inútil perseguir a busca de critériosde autenticidade cultural, na medidaem que a cultura não é nada mais que umadinâmica em constante reelaboração. A antropologiaaban<strong>do</strong><strong>no</strong>u há muito tempo asteorias baseadas na contabilidade das perdas(ditas deculturativas) e de acréscimos(ditos aculturativos), forman<strong>do</strong> supostamenteum acervo de elementos culturaiscujo ponto de equilíbrio deve pender pelopeso <strong>do</strong>s traços "tradicionais" para que acultura seja considerada "intacta". Quan<strong>do</strong>se afirma que os grupos isola<strong>do</strong>s "conservam"sua integridade sócio-cultural,entende-se que eles mantêm atuantes mecanismoscognitivos e organizacionais através<strong>do</strong>s quais são capazes de interpretare de se adaptar às situações das mais diversase constantemente re<strong>no</strong>vadas. O qUeé conserva<strong>do</strong> intacto - ou, o que é abala<strong>do</strong>pela situação de <strong>do</strong>minação - é a dinâmicaprópria à cada cultura e não necessariamenteum acervo de traços originais(Carneiro da Cunha, 1986). Aliás, comoe onde procurar a cultura original?Grupo de índiosisola<strong>do</strong>s Auá, comcontato recente.Foto Nancy Flowers.

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