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Lançamento do livro "História dos índios no Brasil

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de construção da pessoa" (p.13).Como mostram vários estu<strong>do</strong>s (Vidale Muller 1987, Seeger 1980, Turner 1980)os significa<strong>do</strong>s da pintura corporal são simultaneamentesociais e simbólicos. Indicampadrões específicos de grupos de idadee sexo, diferenças de status e deatividades, que permitem comunicar esta<strong>do</strong>sde espírito e posições na comunidade,além de ser um elemento chave paraa apreensão <strong>do</strong> universo, para a comunicaçãoentre os aspectos sociais e biológicosda personalidade e para a compreensão<strong>do</strong>s mitos.A linguagem simbólica da ornamentaçãocorporal exprime, principalmente, aconcepção tribal da pessoa humana, na ordemsocial e cósmica (Vidal e Muller1987:120). A dualidade <strong>do</strong> corpo e da pinturaatua, portanto, como mostrou Lévi--Strauss (1975), para expressar uma realidadeda qual o indivíduo participa,projetan<strong>do</strong>-se graficamente na sociedadeatravés da pintura, que o reveste comouma "pele social" (Turner 1980).Não só a pintura, mas também osa<strong>do</strong>r<strong>no</strong>s e as máscaras, são formas plásticasde expressão de uma experiência aomesmo tempo de ordem estética, social emítica. A via da arte pode ser bastante fecundapara investigar as afirmações conscientesou inconscientes das diferenças culturais,<strong>no</strong> senti<strong>do</strong> aponta<strong>do</strong> por RobertoCar<strong>do</strong>so de Oliveira, de considerá-las enquantoelementos de contrastividade, essencialà elaboração da identidade étnicae das representações que nela se configuram(Oliveira 1983).Como enfatiza o estu<strong>do</strong> de Seeger, daMatta e Castro, sen<strong>do</strong> o corpo o locus estrutura<strong>do</strong>rda experiência e organizaçãodas sociedades tribais sul-americanas, elerepresenta a arena central onde se definemrelações e posições sociais, a partir de um"idioma de substância" : "mais importanteque o grupo, como entidade simbólica,aqui, é a pessoa; mais importante que oacesso à terra ou às pastagens, é aqui a relaçãocom o corpo e com os <strong>no</strong>mes" (p.24).Os caminhos abertos pela antropologiapara alcançar dimensões mais profundasda realidade reatam, na atualidade, oslaços entre ciência e arte, através da tentativade compreender a própria criação<strong>do</strong>s símbolos e sua expressão estética.Difícil tarefa, que <strong>no</strong>s deixa como conclusãoprovisória a possibilidade de pensaras imagens <strong>do</strong> passa<strong>do</strong> como "arquivosde identidade". Arquivos de identidadeconstruí<strong>do</strong>s tanto na busca de registros comonas projeções de natureza simbólica,que definem um lugar para o outro. A imagemespecular <strong>do</strong> paraíso perdi<strong>do</strong>, ou <strong>do</strong>mal <strong>do</strong>mestica<strong>do</strong>, que <strong>no</strong>s remete a <strong>no</strong>vasindagações sobre os limites entre ciênciae arte, entre expressão estética e significa<strong>do</strong>,entre função social e função simbólica.Notas1. Entre os pintores-viajantes que estiveram <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>,<strong>no</strong> século XIX, destacam-se os alemães Wied(1815-17), Ender (1817), Spix e Martius (1817-20),Rugendas (1821-25), Poeppig (1827-32), Planitz(1831-44), Adalberto da Prússia (1842), Burmeister(1850-52), Hage<strong>do</strong>rn (1852), Appun (1860-68),Keller-Leuzinger (1874) e W. von den Steinen(1886); os franceses Debret (1816-31), Adrian Taunay(1616-1824), Florence (1825-29) e Biard(1858-60); os ingleses Koster (1789-1845). Mawe(1807-11), Chamberlain (1815-20), Graham(1821-23) e Bates (1848-59) e os italia<strong>no</strong>s Raddi(1816-18),Osculati (1847-48) e Boggiani (1898).2. Agradeço à Profa. Dra. Re n ate Rott e aoLateinamerika-Institut da Universidade Livre de Berlim,o convite que tor<strong>no</strong>u possível a realização destetrabalho. Meus agradecimentos se estendem tambémao DAAD e a Capes, cujo apoio financeiropermitiu o estágio como bolsista na Alemanha, e àsseguintes instituições, que me ofereceram to<strong>do</strong> o auxílionecessário para o desenvolvimento da pesquisa:Ibero-Amerikanisches Institut, Museum Fur Volkerkunde,KupferstichKabit, Staatsbibliothek eBaessler Archiv, pertencentes ao Preussischer Kulturbesitzde Berlim; Universitatsbibliothek de Heidelberg;Robert Bosch GmbH de Stuttgart, StaatlischesMuseum Fur Volkerkunde e Alte Pinakothek deMunique.BibliografiaBaldus, Herbert (1954). Bibliografia crítica da et<strong>no</strong>logiabrasileira. São Paulo.Barthes, Roland (1980). La chambre claire <strong>no</strong>tesur la photographie. Paris, Gallimard.(1990). O óbvio e o obtuso. Rio de Janeiro, NovaFronteira.

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