10.07.2015 Views

Lançamento do livro "História dos índios no Brasil

Lançamento do livro "História dos índios no Brasil

Lançamento do livro "História dos índios no Brasil

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

De fato, <strong>no</strong> início <strong>do</strong> século XVIII, osíndios começavam a conscientizar-se dasvantagens <strong>do</strong> acesso à justiça colonial, sobretu<strong>do</strong>com respeito à questão da liberdade.Buscan<strong>do</strong> a liberdade a partir de argumentosfundamenta<strong>do</strong>s numconhecimento da legislação em vigor, ospróprios índios passaram a ser frequentesautores de petições e litígios. Afinal de contas,como to<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> sabia, o cativeiro<strong>do</strong>s índios era <strong>no</strong>toriamente ilegal. Foi nessesenti<strong>do</strong> que Rosa Dias Moreira moveuprocesso contra seu senhor, Francisco Xavierde Almeida, alegan<strong>do</strong> que, por serdescendente de "Carijós", seu cativeiro erailícito. Em caso semelhante, <strong>do</strong>is "descendentesde Carijós" abriram litígio contra JoséPais pelo mesmo motivo. 10 Assim, aoconstatar sua descendência indígena, o índiolitigioso buscava garantir sua condiçãode livre, juridicamente determinada pelasleis de Portugal. Em alguns casos, procuravareforçar o pleito alegan<strong>do</strong> maus tratosou cativeiro injusto, na tentativa de caracterizarsua condição como equivalenteà <strong>do</strong> escravo.Ao buscar a liberdade através da justiçacolonial, instituição essa que também osoprimia, os índios de São Paulo contribuíramativamente para a desagregação da escravidãoindígena. Recompensa<strong>do</strong>s com aliberdade, contu<strong>do</strong>, os remanescentes <strong>do</strong>smilhares de índios escraviza<strong>do</strong>s pelos paulistasao longo <strong>do</strong>s a<strong>no</strong>s não conseguiramrecuperar sua identidade indígena, antespassan<strong>do</strong> a engrossar as legiões de brancose mestiços pobres que constituíam amaioria da população rural.Como em São Paulo, os índios cativos<strong>do</strong> Maranhão e Pará igualmente não assistirampassivamente a injustiça de seu cativeiro.A resistência à escravização muitasvezes começava ainda <strong>no</strong> sertão. Tal seriao caso de um grupo Juruna <strong>do</strong> Rio Xinguque, sofren<strong>do</strong> repeti<strong>do</strong>s assaltos <strong>do</strong>s colo<strong>no</strong>s<strong>do</strong> Maranhão e mesmo de algumastropas paulistas que alcançaram este sertão,"se tinham fortifica<strong>do</strong> em uma ilha depau a pique", segun<strong>do</strong> relatava Betten<strong>do</strong>rf.11 Outras informações interessantespodem ser acrescentadas a partir <strong>do</strong> relatórioinédito <strong>do</strong> sertanista João Velho <strong>do</strong>Valle, escrito na década de 1680, onde seregistrava o discurso de um líder Juruna(<strong>no</strong> relatório, Charuna), que recebeu a tropa.Media<strong>do</strong> pelo seu compadre Maragu,chefe <strong>do</strong>s índios Caicaizes que acompanhavama expedição, o chefe Juruna indagava:"Que é isto? Tu trazes brancos contigo?"O chefe Caicai buscava assegurar seucompadre Juruna que o Capitão <strong>do</strong> Valleapenas intentava firmar a paz, por ordem<strong>do</strong> governa<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Maranhão. Inconforma<strong>do</strong>,o chefe Juruna disparava: "Tu mentesque vôs Caicaizes trazeis tropas de brancospara <strong>no</strong>s matarem e cativarem filhosA construção dafigura <strong>do</strong>bandeirante,considera<strong>do</strong> oraherói ora bandi<strong>do</strong>,apagou o papelhistórico <strong>do</strong> índio,omiti<strong>do</strong> ou relega<strong>do</strong>a vitima <strong>no</strong> processode espansãoterritorial <strong>do</strong>sportugueses. Seloscomemorativos.Coleçâo Nelson DiFrancesco.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!