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Lançamento do livro "História dos índios no Brasil

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fesas frente a estas investidas predatórias.Em muitas regiões da Amazónia as relaçõesinterétnicas vem se caracterizan<strong>do</strong>por um aumento de conflitos e muita violência.Uma realidade, aliás, não muito diferentedaquela vivida por muitos camponesese segmentos marginaliza<strong>do</strong>s <strong>no</strong>sgrandes centros urba<strong>no</strong>s. A crise é generalizadae as soluções, evidentemente, apenasvirão quan<strong>do</strong> acompanhadas de mudançasestruturais globais.O grau e as formas de intrusamentodas reservas indígenas é assusta<strong>do</strong>r. Hoje,muito mais <strong>do</strong> que as terras indígenasem si, os interesses estão volta<strong>do</strong>s para osrecursos de grande valor económico existentesem estas terras.Por estas razões, fica evidente, queapenas demarcar as terras indígenas nãoé o suficiente.Uma vez concluída a demarcação, emesmo antes, já que o direito <strong>do</strong>s índiosàs suas terras independe da demarcaçãofísica, devem ser acolhi<strong>do</strong>s projetos indígenasde manejo, controle e vigilância desuas terras, a longo prazo, com linhas específicasde apoio técnico e financeiro daparte de órgãos públicos e priva<strong>do</strong>s.Devem ser promovidas práticas atualizadaspara a garantia das terras e o seuaproveitamento adequa<strong>do</strong> visan<strong>do</strong> o desenvolvimentodas comunidades como umto<strong>do</strong>. É importante ressaltar este último aspecto,porque na maioria <strong>do</strong>s casos, os invasoresconseguem cooptar algumas lideranças,especialmente os mais jovens, quese associam às atividades altamente predatórias<strong>do</strong>s garimpeiros e das madeireiras,assinan<strong>do</strong> contratos, em bases absurdas,em <strong>no</strong>me da comunidade. É verdadeque alguns grupos, após amargas experiências,estão tratan<strong>do</strong> de reverter esta situaçãoinclusive entran<strong>do</strong> com processosna justiça.Por outro la<strong>do</strong>, não se pode esquecerque as pressões destes grupos de interessenão vão diminuir tão ce<strong>do</strong>. As madeireirassão hoje a ponta de lança da penetraçãoda Amazónia. Apenas para dar umexemplo: a extração seletiva <strong>do</strong> mog<strong>no</strong>.Segun<strong>do</strong> um levantamento recente, 47%da mancha de mog<strong>no</strong> existente na Amazóniaincide sobre o esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Pará e 22%desta percentagem encontra-se em áreasindígenas. Uma árvore de mog<strong>no</strong> rende líqui<strong>do</strong>1000 dólares à madeireira que pagaàs jovens lideranças indígenas entre 50e 60 dólares.Para extrair apenas o mog<strong>no</strong> são destruí<strong>do</strong>shectares de floresta, inúmeros ecossistemasnaturais e tu<strong>do</strong> aquilo que é conheci<strong>do</strong>hoje pelo <strong>no</strong>me de biodiversidade.Enquanto aos índios, o dinheiro querecebem é gasto, de imediato, em um consumismosupérfluo, junto ao comércio local,também controla<strong>do</strong> pelas madeireiras.E tu<strong>do</strong> isso acontece em terras indígenas,isto é, em terras da União e sob o nariz dasautoridades coniventes.Frente a esta situação dramática é dese lamentar a falta total de um projeto conceituaipor parte <strong>do</strong> Gover<strong>no</strong> e da FUNAI,que aponte para pesquisas, programaseducativos e captação de recursos, capazde promover a implantação de atividadesde desenvolvimento sustentável em áreasindígenas. Esta situação é ainda mais preocupantequan<strong>do</strong> se verifica o retrocesso porparte de um órgão como o IBAMA, quecomeça a questionar a participação deONGs em projetos ambientais e a esvaziarum órgão como o Centro Nacional de PopulaçõesTradicionais (CNPT).O IBAMA tem questiona<strong>do</strong> também ofinanciamento de componentes indígenasem projetos ambientais, tais como o Pla<strong>no</strong>Piloto de Proteção das Florestas Tropicais,a ser financia<strong>do</strong> pelo G-7.Nas regiões de colonização mais antigas,para os índios, as estratégias de sobrevivênciatem si<strong>do</strong> sempre problemáticas.Até certo ponto o processo já é irreversível.Resgatar o sistema tradicional de manejode seus recursos naturais é praticamenteimpossível. As soluções para ofuturo deverão ser construídas em <strong>no</strong>vasbases, mas que, se bem orientadas, poderãoresultar em experiências interessantes.Hoje algumas comunidades indígenas, <strong>no</strong>Acre, <strong>no</strong> Amapá e entre os Xavante estãotentan<strong>do</strong> implantar projetos alternativos eque merecem ser apoia<strong>do</strong>s.Alguns grupos ainda possuem faixasextensas de terras, mas cercadas por umambiente totalmente modifica<strong>do</strong>. Outrosgrupos perderam a maior parte de seus ter-

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