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Lançamento do livro "História dos índios no Brasil

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entre os quais, além de curiosos diletantes,incluem-se representantes diplomáticos,comerciantes, religiosos, artistas e cientistas.Nessa última categoria, destacam-se osestudiosos da história natural, geralmentevincula<strong>do</strong>s a instituições de pesquisa e museuseuropeus, que vinham para realizarexpedições científicas e não apenas viagensde contato e reconhecimento.A maior parte das missões científicasera financiada por governantes da França,Inglaterra e Alemanha e seus integrantesfaziam parte <strong>do</strong> movimento de expansãodas ciências naturais, onde os avanços <strong>do</strong>conhecimento, tomavam por base <strong>do</strong> méto<strong>do</strong>a observação. Os viajantes, ansiosospor estudar a natureza e o homem, procuravammover-se pelo território muni<strong>do</strong>s<strong>do</strong>s mais recentes equipamentos e procedimentosde pesquisa, para descobrir e registrara diversidade e o exotismo <strong>do</strong> universotropical e estabelecer futurascomparações, à luz das <strong>no</strong>vas teorias, modelose tipologias.As exigências <strong>do</strong> méto<strong>do</strong> impunhamque a observação fosse cuida<strong>do</strong>samentedescrita, registrada, <strong>do</strong>cumentada e reproduzidaatravés <strong>do</strong> desenho ou da pintura,completan<strong>do</strong>-se o trabalho de campo coma coleta <strong>do</strong>s espécimes, destina<strong>do</strong>s a comporas imensas coleções armazenadas <strong>no</strong>srecém-cria<strong>do</strong>s museus de história natural.Observar e colecionar era mais que umobjetivo científico. Era quase uma missão,especialmente para a et<strong>no</strong>grafia. No largoperío<strong>do</strong> que se situa entre a criação da Sociedade<strong>do</strong>s Observa<strong>do</strong>res <strong>do</strong> Homem(1799-1805) e o estabelecimento da antropologiamoderna, como Tylor, Morgan eFrazer, o evolucionismo social corre paraleloao evolucionismo biológico. Domina--o um desvelo "salvacionista", que torna urgenterecolher to<strong>do</strong>s os <strong>do</strong>cumentos vivosda cultura de povos considera<strong>do</strong>s em viade extinção.Um "espírito da última hora", para usaruma expressão de Baldus (1954), queolhava para trás e via <strong>no</strong> indígena america<strong>no</strong>o remanescente em decadência dainfância da humanidade. "Falso evolucionismo"ou "pseu<strong>do</strong>-evolucionismo" diriaLévi-Strauss, para quem o evolucionismosocial, ao contrário <strong>do</strong> evolucionismo biológico,teoria científica, não é mais <strong>do</strong> que"a maquilagem falsamente científica de umvelho problema filosófico para o qual nãoexiste qualquer certeza de que a observaçãoe a indução possam um dia fornecera chave" (1985:56).A et<strong>no</strong>grafia das primeiras décadas <strong>do</strong>século XIX não estava interessada emaprofundar o conhecimento de uma determinadacultura mas sim em compreenderextensivamente as práticas sociais de povosdistantes <strong>no</strong> espaço e <strong>no</strong> tempo, paracompará-las e demostrar a universalidadedas técnicas, das instituições, <strong>do</strong>s comportamentose das crenças (Laplantine 1988).Para afinal realizar o para<strong>do</strong>xo de "suprimira diversidade das culturas, fingin<strong>do</strong>conhecê-la completamente" (Lévi-Strauss1985:55).No contexto <strong>do</strong> pensamento social emque se movem os cientistas-viajantes, aperspectiva comparativa, classificatória ecolecionista é depositária também <strong>do</strong> romantismoque <strong>do</strong>mina a estética e a literaturada primeira metade <strong>do</strong> século passa<strong>do</strong>.Mais para o final <strong>do</strong> século,românticos e folcloristas recorrem à antropologianascente, pelas vias abertas porTylor, produzin<strong>do</strong> uma analogia entre a cultura<strong>do</strong> camponês europeu e as culturasditas primitivas, que aproximam o "selvagem"<strong>do</strong> "popular" (Ortiz 1985). Tal ana-Delírios <strong>do</strong>imaginário. UlrichSchmidel, "Verahistória".Nuremberg, LevinusHulsius. 1599. Foto:António Rodrigues.

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