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Lançamento do livro "História dos índios no Brasil

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preconceitos na relação entre "civiliza<strong>do</strong>s"e "índios": "Você vai me dizer: o índio táfalan<strong>do</strong> mas é selvagem; selvagem é vocês,milhares de a<strong>no</strong>s estudan<strong>do</strong> e nuncaaprenderam a ser civilização. Pra que quevocês está estudan<strong>do</strong>? Pra destruir a naturezae <strong>no</strong> fim destruir a própria vida mesmo?"O prof. Sérgio Car<strong>do</strong>so recorreu aMontaigne, à sua descrição de um encontroentre índios e brancos, <strong>no</strong> século XVI.para dizer que "vários sinais <strong>no</strong>s mostramhoje uma espécie de esgotamento de umasérie de mo<strong>do</strong>s, de concepção <strong>do</strong> social.concepção <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, que nasceram sobretu<strong>do</strong>a partir <strong>do</strong> século XVII". Para fugirao esgotamento, pensa ele. é precisouma <strong>no</strong>va postura: "Se não houver essaatitude de desarmar, de <strong>no</strong>s desarmar dessaescuta (os mo<strong>do</strong>s esgota<strong>do</strong>s), não vamossimplesmente ter possibilidade de sair<strong>do</strong>s <strong>no</strong>ssos impasses".O prof. Sérgio Car<strong>do</strong>so, lembran<strong>do</strong>ainda Montaigne, mencio<strong>no</strong>u a estranheza<strong>do</strong>s índios ao ver que os homens brancosobedeciam a um rei de apenas 13 a<strong>no</strong>sde idade. E mais estranheza ainda por veremque uma grande parte <strong>do</strong>s brancos,"descarna<strong>do</strong>s pela fome e pela pobreza",não agarrassem os outros brancos pela gargantae não ateassem fogo a suas casas.E enfatizou que Montaigne, já <strong>no</strong> séculoXVI, percebera que as sociedades indígenassão "sociedades de liberdade" - sociedadesdiferentes das <strong>no</strong>ssas, em que <strong>no</strong>sconsideramos "livres sob a lei". Nas sociedadesindígenas, os indivíduos se consideram"livres <strong>no</strong> interior da sociedade mesma,e não sob a lei". Moder<strong>no</strong>, sem dúvida.A professora Berta Ribeiro, ao mencionarentrevista na qual Lévi-Strauss disseque "na <strong>no</strong>ssa sociedade tu<strong>do</strong> se separa",enquanto nas sociedades indígenas "tu<strong>do</strong>é mistura<strong>do</strong>", deu o mote para a fala final,síntese brilhante, da professora MarilenaChaui.A seu ver, <strong>do</strong>is pontos importantes foramcoloca<strong>do</strong>s <strong>no</strong> painel sobre a modernidadedas culturas indígenas: "A primeiraé que os índios são moder<strong>no</strong>s <strong>no</strong> senti<strong>do</strong>de que eles têm uma cultura, eles têm umasabe<strong>do</strong>ria, que não é velha, não é arcaica,não é atrasada, não está atrás da <strong>no</strong>ssa,mas é contemporânea a <strong>no</strong>ssa e temo mesmo valor, uma valor sob certos aspectosmaior que o <strong>no</strong>sso".Rituais constituemmomentosimportantes quemarcam asocialização de umindivíduo ou apassagem de umgrupo de umasituação para outra.Manifestam asrelações entre omun<strong>do</strong> social e omun<strong>do</strong> cósmico.entre o universal e onatural. índiosWaiãpi tocamclarinetes e apitosdurante o ritual <strong>do</strong>"'papamel". FotoDominique Gallois.

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