10.07.2015 Views

Lançamento do livro "História dos índios no Brasil

Lançamento do livro "História dos índios no Brasil

Lançamento do livro "História dos índios no Brasil

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

temos àquelas feitas sob encomenda segun<strong>do</strong>a descrição <strong>do</strong> fiel para quem o espírito<strong>do</strong> caboclo teria se manifesta<strong>do</strong> sobaquelas características. Aliás, a autoridadede um pai-de-santo com relação ao caboclose dá muitas vezes a partir de apariçõesoníricas ou em visões."Quem a fez 5 , <strong>do</strong>na?-Ninguém. - o tom era cauteloso - o sr.sabe que nós, as mães caboclas, não somostocadas por mão humana. Quem mefez foi o espírito de um índio que veio amim em sonho. Ele morreu há centenasde a<strong>no</strong>s e é o meu anjo-da-guarda." (Diálogoentre E. Carneiro em uma mãe-de--santo de can<strong>do</strong>mblé de caboclo, apudLandes, 1967: 178)Diante das estátuas, ou em simples oferendasaos caboclos, as velas são verdese amarelas, cores com as quais se enfeitamos terreiros <strong>no</strong>s dias de toques e festasdedica<strong>do</strong>s a esta entidade. Muitas vezes,os barracões são decora<strong>do</strong>s combandeiras <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong>, indican<strong>do</strong> o caráter nacional<strong>do</strong> caboclo em contraposição aosorixás africa<strong>no</strong>s.No barracão constróem-se verdadeiras"malocas" de índios, com muito verde eplantas ao re<strong>do</strong>r. Ao caboclo são oferecidasfrutas em grande quantidade, carne,crua ou assada, e mel.Quan<strong>do</strong> "baixam", os caboclos sãoágeis e autoritários: exigem bebidas - emgeral vinho ou cerveja - e charutos . Enfeita<strong>do</strong>scom as insígnias características decada caboclo - Pena Branca, um cocarbranco, Junco Verde, penas azuis e verdes,etc. - arcos e flechas, lanças e facões, oscaboclos bailam. O público, anima<strong>do</strong>, cantae bate palmas, acompanhan<strong>do</strong> a festa. Asmúsicas são em português, às vezes entrecortadaspor palavras em banto e em "línguaindígena"; os atabaques são toca<strong>do</strong>scom as mãos, toque próprio da umbandae <strong>do</strong>s can<strong>do</strong>mblés da nação angola.Após a vigorosa e alegre dança, os caboclosse retiram para algumas partes <strong>do</strong>barracão. A assistência (os consulentes) fazfilas para consultar aquele de sua preferência.As pessoas narram aos caboclos suasaflições e penas, pedem ajuda e conselhos.Muitas vezes é necessário um "cambo<strong>no</strong>"- auxiliar <strong>do</strong> culto que se encarrega de a<strong>no</strong>taras receitas e traduzir palavras <strong>do</strong>s caboclose outras entidades para os consulentes.O "cambo<strong>no</strong>" a<strong>no</strong>ta o <strong>no</strong>me <strong>do</strong>consulente e de familiares e amigos em peque<strong>no</strong>spapéis que entrega ao caboclo. Ocaboclo localiza o mal e interpreta o sofrimento<strong>do</strong> povo; receita ervas, pois conheceas matas e os seus segre<strong>do</strong>s. Às vezes sezanga com o consulente, que há muito jáconhece, quan<strong>do</strong> este não age de acor<strong>do</strong>com as suas prescrições.Muitas vezes, as festas de caboclo <strong>do</strong>scan<strong>do</strong>mblés de angola começam com o climareligioso de qualquer can<strong>do</strong>mblé. Aalegria <strong>do</strong>s caboclos, que interpelam o públicoconvidan<strong>do</strong> o povo para dançar, fazcom que pouco a pouco a festa sagradase transforme numa festa profana: as músicasreligiosas são substituídas pelas cantigasde "sotaque" - cantigas maliciosas eprovocativas - e depois por uma roda-de--samba (Amaral, 1992).Nos dias dedica<strong>do</strong>s ao orixá Oxóssi -orixá caça<strong>do</strong>r e <strong>do</strong><strong>no</strong> das matas, protetorde to<strong>do</strong>s os que habitam a floresta -, osadeptos da umbanda, sobretu<strong>do</strong>, mas tambémalguns terreiros de can<strong>do</strong>mblé, se retirampara os arre<strong>do</strong>res da cidade, onde encontramáreas verdes e cachoeiras. Nestedia, os umbandistas tocam para Oxóssi, eos caboclos incorporam. As identificaçõesentre o deus caça<strong>do</strong>r e os caboclos sãomuitas: ambos são conhece<strong>do</strong>res das matase das ervas, são caça<strong>do</strong>res e usam arcoe flecha. A diferença, segun<strong>do</strong> os mitos,está em que Oxóssi aprendeu aconhecer as ervas com Catandê (Ossaim),outro orixá; os caboclos, índios brasileiros,nascem saben<strong>do</strong> o segre<strong>do</strong> (Santos, 1992).Na mata o povo toca atabaques, os caboclosincorporam e se vestem com as insígniascaracterísticas. O povo saúda: "Oké,caboclo!", "Xeto, marromba, xeto!". Os caboclosgritam e cumprimentam a assistência.Muito <strong>do</strong> gestual <strong>do</strong>s caboclos sãoidênticos ao <strong>do</strong>s filhos de Oxóssi, que incorporamo seu deus <strong>no</strong>s terreiros de can<strong>do</strong>mblé:ao cumprimentar a assistência, securvam e "gritam" como pássaros 6 .Belas oferendas são feitas às entidadesdas matas: frutas das mais diversas qualidades,melões, melancias, cocos, bananase abóboras, flores e mel; oferecem-lhes be-

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!