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Lançamento do livro "História dos índios no Brasil

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As terras indígenas <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>Lux Boelitz VidalInformar e envolver cada vez mais segmentossignificativos da população,mobilizá-la mesmo, num movimento de solidariedadepara com as populações indígenas,apontava, sem dúvida, como umatarefa exemplar a ser cumprida durante asinúmeras manifestações que acompanhariama conferência internacional sobre desenvolvimentoe meio ambiente da ONUaRio 92 - e as comemorações <strong>do</strong> V Centenário- 500 a<strong>no</strong>s de resistência indígena.Na Cidade de São Paulo, a Comissão"índios <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>" realizou um trabalho pioneirode reflexão e divulgação das questõesfundamentais relativas aos povos indígenas,visan<strong>do</strong> uma construção dacidadania capaz de promover e incluir odiálogo cultural e o respeito à diferença.Paralelamente a estes debates, umagrande exposição <strong>no</strong> prédio da Bienal, amais completa e abrangente realizada atéhoje sobre índios <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>, e duas <strong>no</strong> CentroCultural São Paulo, todas de grande impacto,tanto pela proposta conceituai comopela beleza <strong>do</strong> material exposto,proporcionaram ao grande público da cidadee especialmente à população em idadeescolar uma oportunidade única de conhecermelhor a história e as manifestaçõesculturais <strong>do</strong>s povos indígenas <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>.Mostrou-se ainda os inúmeros desafios queestas populações enfrentam <strong>no</strong> seu dia adia para assegurar os seus direitos, a garantiade suas terras e as possibilidades desobrevivência física e cultural, abrin<strong>do</strong> assimuma possibilidade de compreensãomútua mais esclarecida e de um compromissoassumi<strong>do</strong> em bases mais democráticas.A questão indígena não pode ser debatidaapenas pelos especialistas "aquelesque entendem <strong>do</strong> assunto", sob pena dedeixar um perigoso espaço na consciênciasocial para ser preenchi<strong>do</strong>, seja pelos preconceitose estereótipos vigentes na populaçãobrasileira, há séculos, como consequência<strong>do</strong> processo coloniza<strong>do</strong>r, seja pelosistema educacional ainda vigente entrenós. A questão indígena, hoje, está intimamenteligada à construção da cidadania em<strong>no</strong>sso país e deve se tornar um assuntocompreensível e significativo para o conjuntoda população. Como bem colocaJoão Pacheco de Oliveira "isso exige umexercício de compreensão política da questãoindígena referencian<strong>do</strong>-a ao conjuntodas forças sociais e aos seus eixos de mobilização.Para isso é preciso focalizar o processode <strong>do</strong>minação a que o índio está sujeito,explicitar as condições económicas,políticas e ideológicas em que isso se dá,recuperan<strong>do</strong> inclusive as analogias com aexperiência de vários setores <strong>do</strong> campesinatoe da população urbana" .Possivelmente, os antropólogos, os indigenistase to<strong>do</strong>s aqueles que apoiam acausa indígena, especialmente quan<strong>do</strong> precisavamse opor às contínuas investidas assimilacionistaspor parte <strong>do</strong> Gover<strong>no</strong>, <strong>do</strong>smilitares e <strong>do</strong>s poderes locais, acabaram,imperceptivelmente, realçan<strong>do</strong> em demasiaas diferenças existentes entre nós e osíndios, acarretan<strong>do</strong>, desta maneira, <strong>no</strong> nível<strong>do</strong> senso comum, a incapacidade emdistinguir entre o direito à diferença sócio--cultural e a posse exclusiva e comunitáriada terra por um la<strong>do</strong> e o direito à cidadaniaplena por outro la<strong>do</strong>, direitos estes quenão se excluem e hoje são reconheci<strong>do</strong>sna Constituição.Quem não ouviu, inúmeras vezes, frasessimplistas e polarizadas, proferidas mesmopor pessoas esclarecidas quan<strong>do</strong> opinamsobre outros assuntos da políticanacional: "deixem estes índios coita<strong>do</strong>stranquilos, viverem <strong>do</strong> seu jeito, lá <strong>no</strong> lugardeles", deixan<strong>do</strong> de reconhecer, assim,que os índios vivem hoje, em um contextomulti-étnico, em interação contínua, pelome<strong>no</strong>s na sua maioria, com a comunidadenacional e com necessidades básicasiguais ao resto da população. Ou ainda:"Estes índios já é tu<strong>do</strong> igual a civiliza<strong>do</strong>, nãoexiste mais índio puro, i<strong>no</strong>cente. Eu li naVeja, estes dias, que até carro eles compram,hoje é tu<strong>do</strong> safa<strong>do</strong>". Neste caso, "in-

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