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Lançamento do livro "História dos índios no Brasil

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<strong>do</strong> versões mais distanciadas da realidade,crian<strong>do</strong> inverdades, adulteran<strong>do</strong> os tiposfísicos para causar impacto entre o públicoeuropeu, problema que se agravavacom a utilização de diferentes especialistasna gravação das estampas publicadas,cada um com seu próprio estilo (Hartmann1975: 109).Selecionamos para análise, principalmente,as obras deixadas pelas expediçõesde Maximilian zu Wied-Neuwied (1815-1817), Spix e Martius (1817-1820) e HérculesFlorence (1825-1829), este último participanteda expedição Langs<strong>do</strong>rff, queproduziram uma ico<strong>no</strong>grafia de valor <strong>do</strong>cumental,histórico e et<strong>no</strong>gráfico indiscutivelmentemaior <strong>do</strong> que artistas mais conheci<strong>do</strong>scomo Debret (1816-1831) ouRugendas (1821-1825).Em busca <strong>do</strong>s sig<strong>no</strong>s de alteridadeDiscípulo das teorias raciais de Blumembarch,da estética de Humboldt, dafre<strong>no</strong>logia de Gall, da fisiog<strong>no</strong>monia de Lavater,o pintor-et<strong>no</strong>gráfico <strong>do</strong> século XIXé um observa<strong>do</strong>r que classifica indivíduosa partir da morfologia <strong>do</strong> crânio, desenhacorpos, sistematiza traços, investiga e constróia representação da identidade atravésda aparência <strong>do</strong> corpo huma<strong>no</strong>, buscan<strong>do</strong>na sua superfície o senti<strong>do</strong> da interioridadeinvisível.Trabalha sob a influência da paixão daanatomia, de uma história natural que observae detalha os homens em sua morfologiae se esforça por decifrar, sob os sig<strong>no</strong>sexteriores, as formações psíquicas, asrelações entre corpo e alma, definin<strong>do</strong> alteridadese imaginan<strong>do</strong> disparidades quelançam um <strong>no</strong>vo olhar e uma <strong>no</strong>va historicidadesobre o corpo huma<strong>no</strong>, toman<strong>do</strong>a forma de um distanciamento que destinao homem moder<strong>no</strong> ao para<strong>do</strong>xo de"um olhar sobre si, constituí<strong>do</strong> fora de si"(Courtine e Haroche 1988).O surgimento das "massas" e da desordemsocial fundamenta o antagonismoentre um "físico popular" e um "físico burguês"expresso pelo retrato pinta<strong>do</strong>, pelacaricatura da imprensa e pela fotografia,que tornam-se as testemunhas da violência,da feiúra e da periculosidade das classessubalternas, construin<strong>do</strong> graficamenteas ideias concebidas por Lavater e Gall dealcançar o caráter <strong>do</strong> "homem degenera<strong>do</strong>"a partir da fisiologia e da anatomia, cujomarco definitivo é da<strong>do</strong> por Lombroso(idem: 44-45).A transferência das concepções sobreas classes perigosas para a representação<strong>do</strong> selvagem america<strong>no</strong> não constitui mais<strong>do</strong> que um deslizamento. Esboços, croquise desenhos se conjugam para compor omosaico vivo e ilustra<strong>do</strong> da extinção eminentedesses seres ora "decadentes" e "grotescos",ora "belos" e "i<strong>no</strong>centes".As interrogações de Martius são elucidativasa esse respeito:"... muito há que faz supor que a humanidadeamericana não está mais <strong>no</strong> primeiropasso <strong>do</strong> simples desenvolvimentoque eu de<strong>no</strong>minaria o da sua história natural...o que são, pois, estes homens vermelhosque habitam as densas matas brasileiras,desde o Amazonas ao Prata, ouque em ban<strong>do</strong>s desordena<strong>do</strong>s vagueiampelas campinas solitárias <strong>do</strong> território interior?Formam eles um povo, são eles partesdispersas de um to<strong>do</strong> primitivo, são povosdiversos, vizinhos um <strong>do</strong> outro, ou sãofinalmente, tribos fragmentadas, hordas efamílias de vários povos diferencia<strong>do</strong>s peloscostumes, pela moral e pelas línguas?(Martius 1982: 11-12).Martius passou longos a<strong>no</strong>s a sistematizarestu<strong>do</strong>s sobre os índios <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong> e suasCaça<strong>do</strong>res."Botocu<strong>do</strong> comcaça: arara emacaco." MaximilianWied-Newied. 1816.Aquarela e bico-depena.Bib. <strong>Brasil</strong>ianaRobert Bosch. Foto:António Rodrigues.

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