10.07.2015 Views

Lançamento do livro "História dos índios no Brasil

Lançamento do livro "História dos índios no Brasil

Lançamento do livro "História dos índios no Brasil

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

ção de uma identidade coletiva,<strong>no</strong>mean<strong>do</strong>-os frente ao restante da sociedade.Estabelece um contínuo de semelhançasestruturais entre as diferentes sociedadesindígenas e um marco em relaçãoaos civiliza<strong>do</strong>s. A manutenção desta identidadesocial coletiva, por parte <strong>do</strong>s índios,passa pela manipulação de suas especificidadesculturais e <strong>do</strong>s estereótipos da sociedadeenvolvente e não implica na anulaçãode suas marcas étnicas.Se é recente, entretanto, a apropriaçãopelos grupos indígenas da categoria índios,é fato que ela tem <strong>no</strong>s servi<strong>do</strong> há muitotempo. Tem possibilita<strong>do</strong> a criação de umaunidade genérica que permite, num primeiromomento, diferenciar <strong>no</strong>ssa sociedade<strong>do</strong> conjunto das diferentes sociedades indígenasexistentes <strong>no</strong> território brasileiro.As sociedades indígenas compartilhamde um conjunto de traços e elementos básicos,que são comuns a todas elas e as diferenciamde sociedades de outro tipo. Alógica e o modelo societal compartilha<strong>do</strong>pelos grupos indígenas são diferentes <strong>do</strong><strong>no</strong>sso. Duas ordens de problemas estão coloca<strong>do</strong>s:o que faz com que uma sociedadeseja indígena? e o que as diferencia umadas outras? E o mo<strong>do</strong> de viver, de organizaras relações entre as pessoas e destascom o meio em que vivem e com o sobrenaturalque faz com que uma sociedadeseja indígena. Sociedades indígenas sãosociedades igualitárias, não estratificadasem classes sociais e sem distinções entrepossui<strong>do</strong>res <strong>do</strong>s meios de produção e possui<strong>do</strong>resde força de trabalho. São sociedadesque se reproduzem a partir da possecoletiva da terra e <strong>do</strong>s recursos nelaexistentes e da socialização <strong>do</strong> conhecimentobásico indispensável à sobrevivênciafísica e ao equilíbrio sócio-cultural <strong>do</strong>sseus membros. 3Mais que a especialização, emborasempre haja exímios caça<strong>do</strong>res, canta<strong>do</strong>rese artesãos, é a divisão <strong>do</strong> trabalho porsexo e por idade que regula a produçãonestas sociedades. As tarefas <strong>do</strong> dia-a-diasão repartidas entre homens e mulheres deacor<strong>do</strong> com suas idades e nenhuma classeou grupo detém o mo<strong>no</strong>pólio sobre umaparte <strong>do</strong> processo produtivo ou sobre umaatividade específica. Despontam, todavia,o xamã, regulan<strong>do</strong> e intermedian<strong>do</strong> as relaçõescom o mun<strong>do</strong> <strong>do</strong>s espíritos, e o chefeapaziguan<strong>do</strong> as disputas políticas e buscan<strong>do</strong>consenso e coesão. Regras,compromissos e obrigações estabeleci<strong>do</strong>spelas relações de parentesco, de amizadeou criadas em rituais e em contextos políticosdefinem a distribuição de bens e serviços.Generosidade, redistribuição e reciprocidadecriam, recriam e intensificamrelações nessas sociedades. 4Embora possamos tentar apreender estassociedades isolan<strong>do</strong> aspectos como opolítico, o religioso, o económico, estes seentrelaçam num to<strong>do</strong> compacto e coerente.A coesão íntima de to<strong>do</strong>s os elementosconforma a especificidade sócio-culturalde cada um destes grupos. Isto coloca osegun<strong>do</strong> problema que é identificar os mecanismosque permitem vislumbrar a diversidadedestes grupos. Não só habitam áreasgeográficas distintas e vivenciam processoshistóricos específicos estes grupos são emsi diferencia<strong>do</strong>s. Estu<strong>do</strong>s mo<strong>no</strong>gráficos têmrevela<strong>do</strong> o nexo cultural de muitas sociedadesindígenas. Trata-se de uma riquezasócio-cultural adaptativa significativa em solucionarde forma original problemas coloca<strong>do</strong>sa to<strong>do</strong>s os grupos huma<strong>no</strong>s: comoestabelecer relações entre seus pares,com os seus opositores e com o meio naturale sobre-natural que os circundam.A língua é sem dúvida o primeiro critériolembra<strong>do</strong> em termos de diversificaçãocultural. São cerca 170 línguas indígenasconhecidas, classificadas e distribuídas. Ocontato histórico e o uso de mesmas áreasecológicas resultan<strong>do</strong> <strong>no</strong> compartilhar detraços culturais comuns deu ensejo a umoutro critério de classificação cultural: asáreas culturais. Povos em contato acabamse influencian<strong>do</strong> mutuamente, difundin<strong>do</strong>e fazen<strong>do</strong> empréstimos de elementos culturaisdiversos. E possível, pois, conformaráreas onde grupos experimentam traçosculturais uniformes.Estes <strong>do</strong>is critérios falam da diversidadede dentro para fora, isto é, alicerçam--se em elementos constitutivos destas sociedades.Mas é possível ainda agrupá-lasa partir das frentes de expansão capitalistada sociedade envolvente que chegaramaté estas sociedades e então verificar a situaçãodelas em termos <strong>do</strong> seus graus decontato. 5

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!