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Sarah Dunant – O Nascimento de Vênus (pdf)(rev

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— Acho que mais gorda do que qualquer outra coisa. Estou estufada<br />

como uma bexiga doente.<br />

— É a carne que vem e vai com a lua. Mas lhe cai bem. Esta pronta.<br />

— Oh, você também não, Erila. Já ouvi o bastante <strong>de</strong> Tomaso. A única<br />

coisa que mudou em mim é que, agora, sangro que nem um porco espetado.<br />

Afora isso, sou a mesma <strong>de</strong> antes.<br />

Ela sorriu.<br />

— Não é a mesma. Guar<strong>de</strong> minhas palavras.<br />

De novo, <strong>de</strong>sejei que ela tivesse sido minha mãe. Então, po<strong>de</strong>ria lhe<br />

perguntar tudo o que não sei e que podia salvar minha vida ou, pelo menos, a<br />

minha dignida<strong>de</strong> durante as próximas horas. Mas já era tar<strong>de</strong> <strong>de</strong>mais. Agarrei a<br />

camisola e a vesti pela cabeça. O pano <strong>de</strong> seda ia até o chão, o lucro <strong>de</strong> meu pai<br />

acariciando meus quadris e pernas <strong>de</strong>snudos. Nele, eu parecia quase graciosa.<br />

Sentei-me enquanto ela soltava meu cabelo. Era tão espesso e <strong>rev</strong>olto que<br />

quando os últimos grampos foram tirados, caiu pesado por minhas costas.<br />

— É como um rio <strong>de</strong> lava negra — disse ela quando começou a escová-lo<br />

e <strong>de</strong>sembaraçá-lo.<br />

— Mais um ninho <strong>de</strong> corvos em disputa.<br />

Ela <strong>de</strong>u <strong>de</strong> ombros.<br />

— De on<strong>de</strong> vim, a cor é linda.<br />

— Oh! Então posso ir viver nesse país também? Tenho uma idéia ainda<br />

melhor. — Peguei-a olhando no espelho. — Por que não fica com ele em meu<br />

lugar nesta noite? Verda<strong>de</strong>. É perfeito. Vai estar escuro, <strong>de</strong> modo que ele nunca<br />

notará a diferença. Mal trocamos vinte palavras. Não, pare <strong>de</strong> rir. Falo sério.<br />

Você é quase tão rechonchuda quanto eu. Contanto que ele não fale grego na<br />

hora, vai ser simples.<br />

Sua risada sempre fora contagiante e, por um tempo, não conseguimos<br />

parar. Se nos ouvisse, o que pensaria? Respirei fundo, prendi o ar e fechei os<br />

olhos. Quando os abri, ela sorria para mim.<br />

— Acha que sou jovem <strong>de</strong>mais para isso, Erila? — perguntei<br />

ansiosamente.<br />

— Já tem ida<strong>de</strong> bastante.<br />

— Quando aconteceu com você?<br />

Ela franziu os lábios.<br />

— Não me lembro.<br />

— Verda<strong>de</strong>?<br />

— Não — fez uma pausa. — Eu me lembro.<br />

Dei um suspiro.<br />

— Pelo menos, me dê algumas dicas. Por favor. Diga-me o que fazer.<br />

— Não faça nada. Se fizer, vai fazê-lo pensar que já fez isso antes, e ele

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