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Sarah Dunant – O Nascimento de Vênus (pdf)(rev

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— Beba — disse ele. — Vai ajudá-la. Beba. — E a sua voz, embora não<br />

in<strong>de</strong>licada, era firme e impedia qualquer contestação.<br />

Peguei o copo e bebi <strong>de</strong> um gole. Mas o líquido alcançou minhas lágrimas<br />

e engasguei, tossindo violentamente. Ele esperou o acesso se reduzir.<br />

— De novo.<br />

Fiz o que mandou. Minha mão estava tremendo tão violentamente que<br />

<strong>de</strong>rramei um pouco do líquido no lençol. Mais sangue vermelho por toda parte.<br />

Mas <strong>de</strong>ssa vez, o líquido atingiu seu objetivo, enviando um rio <strong>de</strong> calor por<br />

minha garganta até meu estômago. Ele ficou me observando atentamente.<br />

Passado algum tempo, ele disse:<br />

— Basta — e tirou o copo <strong>de</strong> minha mão, colocando-o sobre a mesinha <strong>de</strong><br />

cabeceira. Deitei-me nos travesseiros. Ele olhou para mim por um momento,<br />

<strong>de</strong>pois se sentou na cama. Acho que <strong>de</strong>vo ter-me retraído.<br />

— Você está bem? — disse ele. Assenta com a cabeça.<br />

— Ótimo. Então, quem sabe, não po<strong>de</strong> parar <strong>de</strong> chorar? Não a machuquei<br />

tanto assim, machuquei?<br />

Sacudi a cabeça. Reprimi o soluço que ia saindo. Quando tive certeza que<br />

o controlava, disse:<br />

— Vou ter um bebê... agora?<br />

— Deus, tomara que sim. — Riu. — Porque não acredito que um <strong>de</strong> nós<br />

queira passar por isso <strong>de</strong> novo. — E acho que percebeu meu rosto ficar lívido,<br />

porque sua risada se interrompeu abruptamente e ele olhou bem para mim.<br />

— Alessandra?<br />

Mas eu ainda não conseguia olhar em seus olhos.<br />

— Alessandra — disse ele, mais calmo <strong>de</strong>ssa vez. E acho que foi aí que<br />

percebi que havia algo errado. Ainda mais errado do que o que já tinha<br />

acontecido entre nós. — Eu... Está me dizendo que não sabia?<br />

— Sabia o quê? — eu disse e, para meu horror, o pranto recomeçou. —<br />

Não sei do que está falando.<br />

— Estou falando <strong>de</strong> mim. Estou perguntando se sabia a meu respeito.<br />

— Sabia o que a seu respeito?<br />

— Oh, meu Deus. — E agora ele afundou a cabeça nas mãos, <strong>de</strong> modo<br />

que eu mal pu<strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r o que falou em seguida. — Achei que sabia, achei que<br />

você sabia <strong>de</strong> tudo. — Ergueu os olhos. — Ele não lhe contou?<br />

— Quem não me contou? Não sei do que está falando — repeti impotente.<br />

— Ahh. — E agora estava com raiva, uma raiva violenta que me assustou.<br />

— Eu não o agrado? — perguntei, e fiquei surpresa com a forma como<br />

minha voz soou submissa.<br />

— Oh, Alessandra — gemeu. Inclinou-se e fez menção <strong>de</strong> pegar minha<br />

mão, mas eu estava tremendo e a retirei. Ele não tentou <strong>de</strong> novo. Por um

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