15.04.2013 Views

Sarah Dunant – O Nascimento de Vênus (pdf)(rev

Sarah Dunant – O Nascimento de Vênus (pdf)(rev

Sarah Dunant – O Nascimento de Vênus (pdf)(rev

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

— É porque você ainda tem <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r o po<strong>de</strong>r da humilda<strong>de</strong> — disse<br />

ela, <strong>de</strong>ssa vez mais rispidamente. — Como discutimos antes, essa <strong>de</strong>ficiência<br />

fica muito visível em uma jovem. Quem sabe, se você passasse tanto tempo<br />

rezando quanto passa estudando.<br />

— Foi assim com você, mãe? Ela riu.<br />

— Não, Alessandra. No meu caso, minha família pôs um ponto final em<br />

qualquer tentação <strong>de</strong> vaida<strong>de</strong>.<br />

Ela raramente se referia à sua infância, mas todos nós sabíamos as<br />

histórias: como as crianças, meninos e meninas, tinham sido educadas juntas por<br />

or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> um pai escolástico comprometido com a erudição. Como o seu irmão<br />

mais velho tinha sido educado para se tornar um gran<strong>de</strong> erudito, protegido pelos<br />

Medici e vivendo <strong>de</strong> seu patronato, isto possibilitou às irmãs fazerem bons<br />

casamentos com comerciantes que aceitaram sua instrução fora do comum<br />

quando convencidos por seus dotes generosos.<br />

— Quando eu tinha a sua ida<strong>de</strong>, era ainda menos aceito uma jovem<br />

possuir tal cultura. Se não fosse a fama <strong>de</strong> meu irmão, eu talvez tivesse<br />

problemas para encontrar marido.<br />

— Mas se o meu nascimento foi vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> Deus, então você sempre<br />

esteve <strong>de</strong>stinada a se casar com papai.<br />

— Oh, Alessandra. Por que sempre faz isso?<br />

— Faço o quê?<br />

— Leva seus pensamentos para mais longe do que precisam ou <strong>de</strong>vem ir.<br />

— Mas é a lógica.<br />

— Não, filha. Essa é a questão. Não é lógico. O que você faz é mais<br />

audacioso: questionar coisas tão profundas e coerentes na natureza <strong>de</strong> Deus. De<br />

qualquer maneira, essa lógica humana é imperfeita para compreendê-las.<br />

Eu não disse nada. A tempesta<strong>de</strong>, que não me era <strong>de</strong>sconhecida, passaria<br />

mais rápido se eu não contestasse.<br />

— Não acho que tenha aprendido isso com seus preceptores. — Ela <strong>de</strong>u<br />

um suspiro, e eu senti que a sua exasperação comigo era intensa, embora ainda<br />

não soubesse por quê. — Deve saber que Maria encontrou <strong>de</strong>senhos em uma<br />

caixa <strong>de</strong>baixo da sua cama.<br />

Ah, então era isso. Sem dúvida ela tinha se <strong>de</strong>parado com eles quando<br />

buscava panos escondidos, sujos <strong>de</strong> sangue. Revi a caixa em minha mente,<br />

tentando p<strong>rev</strong>er aon<strong>de</strong> sua raiva ia cair.<br />

— Ela está convencida <strong>de</strong> que você <strong>de</strong>ve ter perambulado pela cida<strong>de</strong> sem<br />

uma acompanhante.<br />

— Oh! Mas isso é impossível. Como eu po<strong>de</strong>ria? Ela nunca me per<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

vista.<br />

— Ela diz que há esboços <strong>de</strong> edifícios que ela nunca viu e imagens <strong>de</strong>

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!