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Sarah Dunant – O Nascimento de Vênus (pdf)(rev

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lado, se eu fosse Erila, certamente começaria a procurar potencial além <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sastre em um momento como esse.<br />

— Bem, senhor, talvez <strong>de</strong>vêssemos procurar uma maneira <strong>de</strong> protegê-lo<br />

melhor — fiz uma pausa. — Uma esposa grávida adiantaria para recuperar a sua<br />

reputação?<br />

Sorriu com um misto <strong>de</strong> diversão e <strong>de</strong>sagrado.<br />

— Certamente mal não faria. Mas você não está grávida. A menos que eu<br />

tenha entendido mal as palavras <strong>de</strong> sua escrava. E ela parecia falar bem claro.<br />

— Não — disse eu —, não estou — lembrando-me da mentira <strong>de</strong> Erila.<br />

— Mas se pu<strong>de</strong> conceber uma vez, po<strong>de</strong>rei outra. — Deixei o silêncio<br />

permanecer só por um pouco. — Estou em um bom momento para isso.<br />

— Entendo. E ficaria... satisfeita com isso?<br />

Olhei diretamente em seus olhos, e meu olhar não tremeu.<br />

— Sim — disse eu. — Ficaria.<br />

Levantei-me, inclinei-me, vagarosamente, sobre a mesa, beijando-o<br />

levemente na testa, antes <strong>de</strong> sair e retornar ao meu quarto.<br />

Não aborrecerei com <strong>de</strong>scrições da nossa segunda experiência <strong>de</strong> intercurso<br />

sexual. Minha reticência não tem a intenção <strong>de</strong> provocar ou fazer intriga. Se<br />

houvesse algo a relatar a mais do que a primeira vez, eu <strong>rev</strong>elaria com alegria.<br />

Quanto mais velha fico, mais tenho certeza <strong>de</strong> que o silêncio que cerca essas<br />

questões gera somente mais hesitação e mal-entendido. Mas, então, não houve<br />

nenhum mal-entendido entre nós. A nossa era uma parceria <strong>de</strong> negócios entre<br />

marido e mulher. E havia respeito e atenção o bastante para que eu, pelo menos,<br />

me sentisse mais como uma igual.<br />

Ao contrário da primeira vez, ele não saiu do quarto imediatamente.<br />

Ficamos juntos, quase como dois companheiros, durante algum tempo, tomando<br />

refrescos e conversando <strong>de</strong> arte, da vida, <strong>de</strong> questões <strong>de</strong> estado. E, <strong>de</strong>sse modo,<br />

ao relaxarmos, sentimos um certo prazer mútuo na nossa união, embora fosse<br />

originado da carícia das palavras e não da pele.<br />

— Quando soube disso? Ainda não virou boato.<br />

— Não? Bem, logo vai virar. Essas coisas não são mantidas em segredo<br />

por muito tempo.<br />

— Savonarola vai obe<strong>de</strong>cer?<br />

— Ponha-se no lugar <strong>de</strong>le, Alessandra. Você é o lí<strong>de</strong>r incontestável da<br />

cida<strong>de</strong>. Florença aguarda cada palavra sua. O púlpito é um lugar melhor <strong>de</strong> on<strong>de</strong><br />

se governar do que a Signoria. Então, seu inimigo, o Papa, a proíbe <strong>de</strong> pregar<br />

sob pena <strong>de</strong> excomunhão. O que faz?<br />

— Acho que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do julgamento que mais temo, o do Papa ou o <strong>de</strong>

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