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Sarah Dunant – O Nascimento de Vênus (pdf)(rev

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— Ele virá aqui? — perguntei. Olhou-me fixamente.<br />

— Ele é seu irmão. Como membro da família, seria natural — sorriu ao<br />

proferir a última palavra. — A verda<strong>de</strong> é que a cida<strong>de</strong> não é mais tão segura<br />

quanto antes — fez uma pausa. — Digamos que virá algumas vezes. Mas não<br />

por enquanto.<br />

— Você é hábil — disse eu.<br />

Ele <strong>de</strong>u <strong>de</strong> ombros.<br />

— O homem tem <strong>de</strong> controlar seus escravos como um tirano, seus filhos,<br />

como um rei e...<br />

— Sua mulher, como um político — concluí a frase por ele. — Não estou<br />

bem certa se era isso que Aristóteles tinha em mente.<br />

Ele riu.<br />

— De fato. Quanto ao resto, bem, isso cabe a você. Você escolhe. Não<br />

<strong>de</strong>ixe que isso <strong>de</strong>strua a sua vida, Alessandra. Ficaria surpresa com o que<br />

acontece nos quartos <strong>de</strong> nossa cida<strong>de</strong> <strong>de</strong>vota. Esses casamentos funcionaram<br />

antes. De qualquer maneira, você não ia querer ser como os outros. Se a minha<br />

atenção a sobrecarregasse com uma dúzia <strong>de</strong> filhos, você afundaria sob as ondas.<br />

Dê-me um único her<strong>de</strong>iro e a <strong>de</strong>ixarei em paz para sempre — fez uma pausa. —<br />

Ao seu próprio prazer. Bem, isso também é da sua conta. Tudo o que peço é que<br />

seja discreta.<br />

Baixei os olhos para as minhas mãos. Dentro <strong>de</strong> mim doía menos que elas,<br />

embora permanecesse uma queimação mais funda. Como saber se havia um<br />

bebê no útero? O meu próprio prazer? O que eu mais queria na vida?<br />

— Vai me <strong>de</strong>ixar pintar?<br />

Ele sacudiu os ombros.<br />

— Já disse. Po<strong>de</strong> fazer o que quiser. Anuí com um movimento <strong>de</strong> cabeça.<br />

— E quero ver os franceses — disse eu com firmeza. — Refiro-me a vêlos<br />

<strong>de</strong> verda<strong>de</strong>. Quando o exército <strong>de</strong> Carlos entrar na cida<strong>de</strong>, quero estar lá, na<br />

rua, testemunhando enquanto a história é feita.<br />

Ele fez um pequeno gesto.<br />

— Muito bem. Assim será. Sem dúvida, vai ser uma entrada triunfal.<br />

— Irá comigo?<br />

— Não acho que seria seguro se não fosse.<br />

O silêncio se impôs entre nós, ainda que seu nome ressoasse em toda<br />

parte.<br />

— E Tomaso?<br />

— Você e eu somos marido e mulher. Será apropriado sermos vistos<br />

juntos — hesitou. — Falarei com Tomaso. Ele vai enten<strong>de</strong>r.<br />

Baixei os olhos para que não visse a chama <strong>de</strong> prazer que se acen<strong>de</strong>ra<br />

neles.

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