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Sarah Dunant – O Nascimento de Vênus (pdf)(rev

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que eu. Como eu po<strong>de</strong>ria lhe perguntar?<br />

— Não se preocupe — disse ela, cutucando meu braço com um ar<br />

conspiratório. —Agora que está sangrando, vai compreen<strong>de</strong>r muito em b<strong>rev</strong>e —<br />

fez uma careta. — Embora eu <strong>de</strong>va lhe dizer que não se parece nada com ler<br />

livros.<br />

Então como é? Eu queria saber. Conte. Conte-me tudo.<br />

— Machuca? — perguntei, como se não fosse <strong>de</strong>liberado.<br />

Ela franziu os lábios e olhou para mim, saboreando o momento <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r.<br />

— É claro — disse simplesmente. — É assim que sabem que você é pura.<br />

Mas passa. E então, não é tão ruim. De verda<strong>de</strong>. — E, olhando para ela, achei<br />

que falava sério, e pela primeira vez, percebi que minha irmã fútil e tola talvez<br />

tivesse encontrado, realmente, algo que podia fazer bem na vida. Isso me <strong>de</strong>ixou<br />

contente por ela, e ainda mais aterrorizada por mim mesma.<br />

Nossa conversa foi interrompida com a chegada <strong>de</strong> mais convidados.<br />

Amigos da família, todos trazendo pequenas oferendas. Plautilla movia-se entre<br />

eles rindo e sorrindo. Então o senhor se juntou a nós.<br />

Estava usando uma capa <strong>de</strong> veludo cor <strong>de</strong> vinho, mais bonita do que a que<br />

usava na igreja, e que meu pai <strong>de</strong>finitivamente aprovaria. Pareceu mais velho do<br />

que das outras vezes em que o vira, mas a luz do dia é mais cruel do que a luz <strong>de</strong><br />

velas e óleo. Ele me viu assim que entrou, mas primeiro cumprimentou minha<br />

mãe. Eu a vi cruzar as mãos e dar-lhe toda a atenção. Supostamente, não era a<br />

primeira vez que se encontravam. Eu estava surpresa? Sabe, ainda não sei ao<br />

certo. Alguém me disse, muito <strong>de</strong>pois, que sempre reconhecemos as pessoas que<br />

farão diferença na nossa vida na primeira vez que pomos os olhos nelas. Mesmo<br />

que não gostemos nada <strong>de</strong>las. E eu o havia notado. Assim como ele a mim. Que<br />

Deus nos protegesse. Peguei Plautilla em uma <strong>de</strong> suas rodadas pela sala e a<br />

imprensei contra a pare<strong>de</strong> mais próxima, ou tanto quanto sua barriga permitia.<br />

— Quem é ele?<br />

— Quem?<br />

— Plautilla, não posso beliscá-la como fazia. Po<strong>de</strong>ria entrar em trabalho<br />

<strong>de</strong> parto e não suportaria ouvir seus berros. Mas quando o bebê nascer, posso<br />

beliscá-lo com impunida<strong>de</strong>, já que levará anos até po<strong>de</strong>r me culpar.<br />

— Alessandra!<br />

— Então. Quem é ele?<br />

Ela <strong>de</strong>u um suspiro.<br />

— Seu nome é Cristoforo Langella. Vem <strong>de</strong> uma família nobre.<br />

— Estou certa que sim — disse eu. — Então por que estaria interessado<br />

em mim?<br />

Mas não houve tempo para mais comentários. Ele já saíra do lado <strong>de</strong><br />

minha mãe e estava vindo na nossa direção. Plautilla se soltou <strong>de</strong> mim e

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