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Sarah Dunant – O Nascimento de Vênus (pdf)(rev

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— Não. Cristoforo... — senti minha voz falhar.<br />

— Estou escutando.<br />

— Cristoforo, estou tão contente que não tenha sido você. Tão contente...<br />

— interrompi-me. — Mas sabe que é o ódio <strong>de</strong> Tomaso por mim. Ele... —<br />

interrompi-me <strong>de</strong> novo, vendo os olhos <strong>de</strong> Erila na minha frente.<br />

— Ele po<strong>de</strong>ria ter dito <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> outros nomes. Ele sabe do meu gran<strong>de</strong><br />

amor pela arte e como <strong>de</strong>vo ao estímulo do pintor. — Tive dificulda<strong>de</strong>s em<br />

sustentar seu olhar. — Vão torturá-lo também, não vão?<br />

Ele assentiu com um movimento da cabeça.<br />

— Se foi <strong>de</strong>nunciado, sim. É a lei.<br />

— Mas ele não sabe nada. Não conhece ninguém. Não terá nomes a dar.<br />

Mas não darão importância a isso. Sabe o que vai acontecer, Cristoforo. Sabe o<br />

que farão. Insistirão, insistirão até ele falar, e, assim, romperão as articulações <strong>de</strong><br />

seus braços. E sem seus braços...<br />

— Eu sei, Alessandra. Eu sei — sua voz foi incisiva. — Sei muito bem<br />

que está se passando aqui.<br />

— Desculpe — e apesar da intenção <strong>de</strong> ser pru<strong>de</strong>nte, comecei a chorar.<br />

— Sinto muito. Sei que a culpa não é sua — fiz menção <strong>de</strong> me levantar.<br />

— Tenho <strong>de</strong> ir até lá.<br />

Ele veio até mim.<br />

— Não seja tola.<br />

— Não. Não. tenho <strong>de</strong> ir. Tenho <strong>de</strong> contar para eles. Se não acreditarem<br />

em mim, po<strong>de</strong>rão me interrogar. A lei proíbe a tortura <strong>de</strong> mulheres grávidas,<br />

portanto serão obrigados a aceitar minha palavra.<br />

— Ahh, isso é total estupi<strong>de</strong>z. Nunca lhe darão atenção. Só fará piorar a<br />

situação, e complicar nós todos em sua maldita culpa.<br />

— Culpa <strong>de</strong>les? Mas...<br />

— Preste atenção...<br />

— Não é culpa <strong>de</strong>les. É...<br />

— Pelo amor <strong>de</strong> Deus, já enviei...<br />

Nossas vozes se confundiram na discussão irada. Eu podia imaginar Erila<br />

em pé, do lado <strong>de</strong> fora, alarmada, tentando dar sentido àquela tormenta. Parei:<br />

— O que disse?<br />

— Eu disse, se é que consegue se acalmar o bastante para escutar, que já<br />

enviei alguém à prisão.<br />

— Enviou quem?<br />

— Alguém a quem ouvirão. Po<strong>de</strong> achar o que quiser <strong>de</strong> seu irmão, e, <strong>de</strong><br />

certa maneira, talvez eu ache o mesmo, mas não quero que acredite que eu<br />

<strong>de</strong>ixaria um homem inocente sofrer em meu lugar.<br />

— Oh, você confessou?

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