15.04.2013 Views

Sarah Dunant – O Nascimento de Vênus (pdf)(rev

Sarah Dunant – O Nascimento de Vênus (pdf)(rev

Sarah Dunant – O Nascimento de Vênus (pdf)(rev

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

apodrecerão no inferno. Seu marido veio com você?<br />

Sacudi a cabeça.<br />

— Pois então, você não <strong>de</strong>veria estar aqui. Conhece as novas leis do nosso<br />

estado <strong>de</strong>voto tanto quanto eu. Mulheres sem seus maridos são recipientes <strong>de</strong><br />

tentação e <strong>de</strong>vem ficar atrás <strong>de</strong> portas trancadas.<br />

— Oh, Luca — disse eu. — Se pelo menos você tivesse essa facilida<strong>de</strong><br />

para se lembrar <strong>de</strong> coisas que importam.<br />

— É melhor que tome cuidado com a sua língua, irmã. O Diabo está na<br />

sua falsa erudição e a levará às chamas mais rápido do que uma mulher pobre<br />

que nada sabe a não ser os Evangelhos. Agora, os seus preciosos antigos são<br />

uma casta <strong>de</strong> proscritos.<br />

Nunca vira meu irmão tão fluente. Ainda assim, ele estava impaciente<br />

para transformar as palavras em atos. Pu<strong>de</strong> perceber seus punhos apertando-se<br />

sobre a mesa. A sua cruelda<strong>de</strong> comigo em criança sempre fora mais física do<br />

que a <strong>de</strong> Tomaso. E, <strong>de</strong> certa maneira, mais maliciosa. Minha mãe nunca o<br />

pegava em flagrante e os machucados só apareciam <strong>de</strong>pois. Tomaso estava<br />

certo. Ele sempre tinha sido um brigão violento. A única diferença era que,<br />

agora, sentia-se menos <strong>de</strong>vedor <strong>de</strong> seu irmão mais velho. Embora os problemas<br />

que a sua mudança <strong>de</strong> lealda<strong>de</strong> nos causaria ainda estivessem por vir.<br />

Levantei-me da mesa, meus olhos dirigidos ao chão.<br />

— Eu sei — eu disse com doçura. — Desculpe, irmão. Irei me confessar<br />

quando voltar para casa. Pedir perdão ao Senhor.<br />

Ele me olhou fixamente, <strong>de</strong>sconcertado com minha submissão repentina.<br />

— Hummm. Muito bem. Se pedir com humilda<strong>de</strong> bastante, Ele a<br />

perdoará.<br />

Antes <strong>de</strong> eu chegar à porta, sua cara estava <strong>de</strong> volta no prato.<br />

Quando perguntei sobre o pintor, Maria mostrou-se perturbada.<br />

— Não o vemos mais. Ele vive na capela.<br />

— O que quer dizer com vive na capela?<br />

Ela sacudiu ligeiramente os ombros.<br />

— Quero dizer... que ele agora vive lá. O tempo todo. Nunca sai.<br />

— E os afrescos? Estão terminados?<br />

— Ninguém sabe. Ele mandou os aprendizes embora no mês passado —<br />

fez uma pausa. — Eles pareciam ansiosos por partir.<br />

— Mas... achei que ele freqüentava a igreja. Que tinha se tornado um<br />

seguidor. Foi o que minha mãe me disse.<br />

— Eu... eu não sei disso. Acho que ele costumava ir à igreja. Mas agora<br />

não. Ele não sai da capela <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o <strong>de</strong>gelo.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!