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Sarah Dunant – O Nascimento de Vênus (pdf)(rev

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— Dar trepadinhas? Por favor me diga, Luca, o que é isso?<br />

— É o que Plautilla anda fazendo. — Sorriu arreganhando os <strong>de</strong>ntes,<br />

referindo-se ao fato <strong>de</strong> que a nossa irmã, recentemente, iluminara a casa ao<br />

anunciar a sua gravi<strong>de</strong>z precoce e a promessa <strong>de</strong> um her<strong>de</strong>iro varão.<br />

— Pobre irmãzinha. — A simpatia <strong>de</strong> Tomaso é pior do que seu <strong>de</strong>sprezo.<br />

— Ela não lhe disse como é? Bem, vejamos. Só posso falar pelos homens. Em<br />

um estupro seria como... dar a primeira chupada em um melão suculento.<br />

— E o que faz com a casca?<br />

Ele riu.<br />

— Depen<strong>de</strong> <strong>de</strong> quanto tempo quer que dure. Mas talvez você <strong>de</strong>vesse<br />

fazer ao seu precioso pintor a mesma pergunta.<br />

— O que ele tem a ver com isso?<br />

— Você não sabe? Oh, querida Alessandra, achei que você sabia tudo.<br />

Pelo menos é o que nossos preceptores sempre nos dizem.<br />

— Só dizem isso em comparação a vocês — retorqui sem conseguir me<br />

conter. — O que está dizendo sobre o pintor?<br />

E estou muito ansiosa, o que lhe dá uma vantagem.<br />

Ele me faz esperar.<br />

— O que estou dizendo é que o nosso aparentemente <strong>de</strong>voto artistinha<br />

tem passado suas noites bisbilhotando as favelas florentinas. E não está lá para<br />

pintar. Não é, Luca?<br />

Meu irmão mais velho balança a cabeça concordando, seu rosto gordo<br />

com um sorriso tolo.<br />

— Como você sabe?<br />

— Porque o encontramos, por isso.<br />

— Quando?<br />

— Na noite passada, esgueirando-se pela ponte velha.<br />

— Falaram com ele?<br />

— Sim, perguntei aon<strong>de</strong> tinha ido.<br />

— E?<br />

— Ele parecia o pecado em pessoa, e respon<strong>de</strong>u que estava "respirando o<br />

ar noturno".<br />

—Talvez estivesse.<br />

— Oh, irmãzinha. Você não tem idéia. O homem estava um trapo. O rosto<br />

parecia o <strong>de</strong> um fantasma, e estava todo sujo. Positivamente estava fe<strong>de</strong>ndo. O<br />

cheiro <strong>de</strong> xota barata. — Apesar <strong>de</strong> eu nunca ter ouvido a palavra antes, percebei<br />

pela maneira como a proferiu que <strong>de</strong>via ser alguma coisa torpe, e enquanto eu<br />

tentava não <strong>de</strong>monstrar isso, ele me chocou com o <strong>de</strong>sprezo em sua voz. —<br />

Portanto, é melhor ter cuidado. Se ele pintá-la <strong>de</strong> novo, mantenha seu manto<br />

bem fechado em volta do seu corpo. Ele po<strong>de</strong> querer mais do que o seu retrato.

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