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Sarah Dunant – O Nascimento de Vênus (pdf)(rev

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para o seu exército nessa travessia."<br />

Percebi no sorriso afetado <strong>de</strong> Tomaso que ele sabia mais do que me<br />

contara. Mas é claro que as mulheres não têm estrutura para a política.<br />

— Então, vai haver combate? — os olhos <strong>de</strong> Luca cintilaram como<br />

medalhões <strong>de</strong> ouro. — Soube que os franceses são guerreiros ferozes.<br />

— Não, Luca. Não haverá luta. Há mais glória na paz do que na guerra —<br />

respon<strong>de</strong>u meu pai asperamente, sem dúvida ciente <strong>de</strong> como a <strong>de</strong>manda <strong>de</strong><br />

tecidos elegantes diminuía durante um conflito. —A Signoria com o conselho <strong>de</strong><br />

Piero <strong>de</strong> Medici ofereceu neutralida<strong>de</strong>, e não apoio para a sua reivindicação.<br />

Desse modo, <strong>de</strong>monstraremos força combinada com prudência.<br />

Se o nome <strong>de</strong> Piero fosse dito seis meses antes, provavelmente teria<br />

acalmado todos nós, mas até eu sabia que a sua reputação havia <strong>de</strong>caído <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a<br />

morte <strong>de</strong> seu pai. Corriam rumores <strong>de</strong> que ele tinha problemas em assumir sua<br />

posição sem se queixar ou se irritar. Como po<strong>de</strong>ria ter o encanto ou malícia para<br />

negociar com um rei que não precisava exaltar a nossa cida<strong>de</strong>-estado, que podia<br />

simplesmente entrar e esmagá-la sob seus pés?<br />

— Bem, se <strong>de</strong>positamos nossas esperanças em Piero, po<strong>de</strong>mos abrir os<br />

portões hoje e dar-lhes as boas-vindas.<br />

Meu pai <strong>de</strong>u um suspiro.<br />

— E que linguarudo lhe disse isso, Tomaso?<br />

Tomaso <strong>de</strong>u <strong>de</strong> ombros.<br />

— Estou dizendo que a Signoria tem fé no nome Medici. Não há mais<br />

ninguém que inspire tal grau <strong>de</strong> respeito a um rei estrangeiro.<br />

— Bem, acho que não <strong>de</strong>vemos <strong>de</strong>ixá-los passar. Acho que <strong>de</strong>vemos<br />

combatê-los — disse Luca, como sempre ouvindo, mas sem escutar nada.<br />

— Não, não vamos combatê-los. Conversaremos com eles, faremos<br />

acordos, Luca. A sua batalha não é conosco. Será um acordo entre iguais.<br />

Talvez, até mesmo, nos dêem algo em troca.<br />

— O quê? Acha que Carlos vai lutar por nossos interesses e pôr Pisa em<br />

nossas mãos? — Eu nunca tinha visto Tomaso discutir com tanta veemência na<br />

frente <strong>de</strong> meu pai. Minha mãe olhava severamente para ele, mas ele não percebia<br />

ou não queria perceber. — Vai fazer simplesmente o que quiser. Ele sabe que só<br />

precisa ameaçar para que a nossa República <strong>de</strong>sabe como um castelo <strong>de</strong> cartas.<br />

— E você é um garoto querendo falar como homem e se tornando cômico<br />

— disse meu pai. —Até ter ida<strong>de</strong> para discutir esses assuntos, faria melhor<br />

guardando essas opiniões traiçoeiras para si mesmo. Não as ouvirei nesta casa.<br />

Irradiou-se um b<strong>rev</strong>e silêncio, quando <strong>de</strong>sviei meus olhos dos dois. Então,<br />

Tomaso disse, mal-humorado:<br />

— Muito bem, senhor.<br />

— E se vierem mesmo? — perguntou Luca, distraído. — Entrarão na

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