15.04.2013 Views

Sarah Dunant – O Nascimento de Vênus (pdf)(rev

Sarah Dunant – O Nascimento de Vênus (pdf)(rev

Sarah Dunant – O Nascimento de Vênus (pdf)(rev

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

sua hesitação e fiz um sinal para ela se afastar.<br />

— O que é? O que é? Fale.<br />

— Má notícia.<br />

— Má? O que po<strong>de</strong> ser pior do que morte e possível assassinato?<br />

Mas não sei se chegou a me ouvir.<br />

— Tomaso foi <strong>de</strong>tido.<br />

— O quê? Quando?<br />

— Foi levado hoje à tar<strong>de</strong>.<br />

— Mas quem... — interrompi-me. — Luca. É claro... Interrompi-me <strong>de</strong><br />

novo. E à luz das tochas, olhamos um para o outro.<br />

Precisei <strong>de</strong> tempo para encontrar as palavras.<br />

— Com certeza é somente um aviso — sussurrei. — Ele é jovem.<br />

Provavelmente preten<strong>de</strong>m assustá-lo. — Ele não disse nada. — Vai ficar tudo<br />

bem. Tomaso não é tolo. Se não pu<strong>de</strong>r ser forte, será astuto.<br />

Ele sorriu com tristeza.<br />

— Alessandra, não é uma questão <strong>de</strong> força. É somente uma questão <strong>de</strong><br />

tempo — fez uma pausa. — Não lhe <strong>de</strong>i muita atenção nesses últimos meses. —<br />

E disse isso tão tranqüilamente que nem mesmo estou certa <strong>de</strong> terem sido essas<br />

as palavras.<br />

— Não é o momento para isso — disse eu peremptoriamente. —Talvez<br />

nenhum <strong>de</strong> nós tenha dado atenção um ao outro. Talvez essa seja a razão <strong>de</strong> tudo<br />

o que aconteceu. Mas não é hora <strong>de</strong> <strong>de</strong>sistir. Você mesmo disse isso. Ele não é a<br />

única voz na cida<strong>de</strong> agora. Não se at<strong>rev</strong>erão a vir atrás <strong>de</strong> você. Seu nome é<br />

muito reputado e a maré está ficando contrária a eles. Venha, vamos entrar e<br />

conversar melhor.<br />

Ficamos juntos nessa noite, contemplando as chamas como tínhamos feito<br />

durante aquelas poucas semanas após nosso casamento, antes do ácido do ciúme<br />

que se <strong>de</strong>rramou <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> mim. Agora, era ele que precisava <strong>de</strong> ajuda, e embora<br />

eu <strong>de</strong>sse o máximo que podia, não foi suficiente. Toda vez que se silenciava, eu<br />

sabia no que estava pensando. Como é quando se sabe que alguém a quem se<br />

ama está sofrendo? Quando por mais que tampemos nossos ouvidos,<br />

continuamos a escutar seus gritos? Apesar <strong>de</strong> eu não po<strong>de</strong>r dizer, com<br />

honestida<strong>de</strong>, que amava meu irmão, a idéia do que po<strong>de</strong>ria estar lhe acontecendo<br />

agora fazia meu estômago se contorcer.<br />

Como não seria pior para o meu marido que havia adorado esse corpo<br />

perfeito quando estava em seus braços? Quando a estrapada tivesse terminado,<br />

não seria mais perfeito.<br />

— Fale comigo, Cristoforo. Vai ajudar, se falar. Diga-me. Deve ter-se<br />

preparado para esse momento. Pensado sobre o que fariam, se chegasse esse<br />

momento.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!