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Sarah Dunant – O Nascimento de Vênus (pdf)(rev

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— E Erila? Também foi assistir?<br />

— Erila? Não me diga que sua leal Erila a <strong>de</strong>ixou. Achei que estaria<br />

sempre do seu lado. On<strong>de</strong> quer que você fosse — fez uma pausa. Percebi tar<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>mais o que as palavras significavam. — Dormiu tar<strong>de</strong>, Alessandra? Deve ter<br />

passado a noite acordada. O que teria provocado isso?<br />

— Eu... estou cansada, Cristoforo, e acho que a chegada do bebê será<br />

antes do que pensávamos.<br />

— Nesse caso, você <strong>de</strong>veria voltar para a cama.<br />

Agora não havia como não perceber a sua poli<strong>de</strong>z fria. Quando aparecera<br />

pela primeira vez? Estava diferente quando chegou com a notícia da libertação<br />

do pintor? Teria me sentido tão aliviada que, apesar das advertências <strong>de</strong> Erila,<br />

não havia prestado atenção suficiente às suas maneiras?<br />

— Tem notícias <strong>de</strong> Tomaso? — perguntei.<br />

— Por que pergunta?<br />

— Eu... eu estava rezando para que fosse encontrado.<br />

Ele <strong>de</strong>sviou o olhar para as estátuas. Se o lançador <strong>de</strong> disco não estivesse<br />

tão concentrado em seu trabalho, quase pensaríamos que estivesse escutando.<br />

— Dizem que gran<strong>de</strong>s artistas só po<strong>de</strong>m dizer a verda<strong>de</strong> em suas obras.<br />

Você concorda, Alessandra?<br />

— Eu... eu não sei. Suponho que sim.<br />

— E diria que um bebê é uma obra <strong>de</strong> arte <strong>de</strong> Deus?<br />

— ...Certamente.<br />

— Nesse caso, talvez não seja possível <strong>de</strong>tectar uma mentira em um bebê?<br />

Senti minha pele ficar fria e úmida.<br />

— Não sei o que quer dizer — disse eu e percebi uma leve hesitação em<br />

minha voz.<br />

— Não? — fez uma pausa. — Seu irmão está seguro.<br />

— Oh! Graças a Deus. Como ele está?<br />

— Ele está... mudado. Acho que esta é a palavra.<br />

— Eles...<br />

— Eles o quê? Arrancaram a verda<strong>de</strong> <strong>de</strong>le? E sempre tão difícil dizer<br />

quando se trata <strong>de</strong> Tomaso. Às vezes, ele mente <strong>de</strong> maneira mais convincente do<br />

que quando diz a verda<strong>de</strong>. Sobre todo tipo <strong>de</strong> coisa.<br />

Engoli em seco.<br />

— Talvez não <strong>de</strong>vesse se esquecer <strong>de</strong> que, antes, você acreditava em tudo<br />

o que ele dizia — eu disse baixinho.<br />

— Talvez. Ou po<strong>de</strong> ser que a facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>le com esse tipo <strong>de</strong> coisa venha<br />

da família Cecchi.<br />

Olhei fixo para ele.<br />

— Nunca menti para você, Cristoforo.

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