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Sarah Dunant – O Nascimento de Vênus (pdf)(rev

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o cavalariço acabasse <strong>de</strong> escová-los. O garoto interrompeu sua tarefa para me<br />

cumprimentar com um rápido balançar da cabeça. Devolvi seu cumprimento<br />

também com um movimento da cabeça. Por que tinha tanta certeza <strong>de</strong> que ele já<br />

tratara assim dos dois animais muitas vezes antes?<br />

Erila veio ao meu encontro antes <strong>de</strong> eu chegar ao meu quarto. Esperei que<br />

ela me repreen<strong>de</strong>sse por minha ausência, mas, em vez disso, recebeu-me com<br />

uma alegria quase exagerada.<br />

— Como está sua irmã?<br />

— Gorducha — respondi. — Em mais <strong>de</strong> um sentido.<br />

— E o bebê?<br />

— É difícil dizer. Estava coberto <strong>de</strong> vômito <strong>de</strong> leite. Mas tinha voz. Acho<br />

que sob<strong>rev</strong>iverá.<br />

— Seu irmão está aqui. Tomaso. — E era minha imaginação ou ela estava<br />

me olhando intensamente?<br />

— Mesmo? — disse casualmente. — Quando ele chegou?<br />

— Um dia <strong>de</strong>pois que partiu — replicou ela, e sua casualida<strong>de</strong> estudada<br />

pareceu tão real quanto a minha. Então ela também sabia? Sempre soubera?<br />

Todo mundo sabia menos eu?<br />

— On<strong>de</strong> estão agora?<br />

— Acabaram <strong>de</strong> chegar <strong>de</strong> uma cavalgada. Eu... eu acho que estão na sala<br />

<strong>de</strong> estar.<br />

— Talvez você <strong>de</strong>vesse avisá-los <strong>de</strong> que cheguei. Não... não, pensando<br />

bem, irei avisá-los eu mesma. — Passei por ela e subi rapidamente a escada<br />

antes <strong>de</strong> per<strong>de</strong>r a coragem, sentindo seus olhos fixos às minhas costas. No dia<br />

seguinte à minha partida. O <strong>de</strong>sejo patente <strong>de</strong> meu marido fez com que me<br />

envergonhasse <strong>de</strong>le. E <strong>de</strong> mim mesma.<br />

Empurrei a porta calmamente. Tinham se instalado confortavelmente. A<br />

mesa do jantar ainda estava posta, com um bom vinho aberto e o ar pesado com<br />

o cheiro dos condimentos. Parecia que a cozinha os tinha tratado <strong>de</strong> maneira<br />

esplêndida. Estavam em pé diante da grelha aberta, perto do fogo e próximos um<br />

do outro, embora não se tocando. Para um olho <strong>de</strong>satento, seriam dois amigos<br />

partilhando o calor do fogo, mas tudo que consegui sentir foi a força entre eles,<br />

saltando como a faísca <strong>de</strong> energia entre dois pedaços <strong>de</strong> lenha queimando.<br />

Tomaso, agora, estava vestido menos ostentosamente, claramente<br />

preocupado com as novas leis, embora me parecesse que seu rosto bonito<br />

estivesse ficando um tanto gordo. Estava para completar vinte anos. Não<br />

exatamente uma ida<strong>de</strong> adulta, mas ida<strong>de</strong> bastante para lhe garantir punições<br />

mais severas. Ontem mesmo, Plautilla tinha contado histórias <strong>de</strong> como, em<br />

Veneza, homens mais jovens con<strong>de</strong>nados por sodomia tinham, regularmente,<br />

seus narizes cortados: um castigo <strong>de</strong> prostitutas, condizente com seu status

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