15.04.2013 Views

Sarah Dunant – O Nascimento de Vênus (pdf)(rev

Sarah Dunant – O Nascimento de Vênus (pdf)(rev

Sarah Dunant – O Nascimento de Vênus (pdf)(rev

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Quatorze<br />

HÁ MUITAS COISAS QUE O RECOMENDAM, Alessandra. Seus pais estão<br />

mortos. De modo que você será a dona <strong>de</strong> sua própria casa. Ele é bem-educado.<br />

Esc<strong>rev</strong>e poesia e é um perito e patrono da arte.<br />

Minha mãe estava agitada <strong>de</strong>mais para manter as mãos no colo. Eu tinha<br />

tido uma noite e um dia que tinham me <strong>de</strong>ixado ainda mais ansiosa.<br />

— Parece que é o partido mais <strong>de</strong>sejado na cida<strong>de</strong>. Por que ainda não se<br />

casou?<br />

— Acho que está esc<strong>rev</strong>endo alguma coisa e concentra todas as suas<br />

energia nisso. Mas seus dois irmãos morreram recentemente sem <strong>de</strong>ixarem<br />

her<strong>de</strong>iros. O nome é importante e ele precisa preservá-lo.<br />

— Ele precisa <strong>de</strong> um filho.<br />

— Sim.<br />

— E por isso precisa <strong>de</strong> uma esposa.<br />

— Sim. Mas acho que também po<strong>de</strong> querer uma.<br />

— Não quis antes.<br />

— As pessoas mudam, Alessandra.<br />

— Ele é velho.<br />

— Mais velho, é verda<strong>de</strong>. O que nem sempre é um <strong>de</strong>feito. Achei que<br />

você, <strong>de</strong> todas as pessoas, compreen<strong>de</strong>ria isso.<br />

Fiquei olhando os entalhes na ma<strong>de</strong>ira do escabelo. Era <strong>de</strong> tar<strong>de</strong> e o resto<br />

da casa estava adormecido. A nossa loggia no alto da casa recebia a pouca brisa<br />

que o clima oferecia e suas pare<strong>de</strong>s estavam pintadas <strong>de</strong> um ver<strong>de</strong> que lembrava<br />

o da natureza. Porém mesmo aí, estava quente <strong>de</strong>mais para refletir. Geralmente,<br />

passávamos essa época do ano no campo, na fazenda <strong>de</strong> meu pai. Nossa<br />

presença na cida<strong>de</strong> era o sinal mais marcante <strong>de</strong> sua ansieda<strong>de</strong> cívica.<br />

— O que acha <strong>de</strong>le, mamãe?<br />

— Alessandra, não o conheço muito. A família é boa, nesse aspecto seria<br />

o preten<strong>de</strong>nte mais digno. De resto, tudo o que posso dizer é que ele a viu no<br />

casamento <strong>de</strong> Plautilla e há algumas semanas procurou seu pai. Ele não faz parte<br />

do nosso círculo. Ouvi falar que apesar <strong>de</strong> abraçar a erudição, não se envolve<br />

com a política. Mas é culto e sério, e consi<strong>de</strong>rando-se a tensão do momento, isso<br />

po<strong>de</strong> ser conveniente. Afora isso, ele é quase tão estranho para mim quanto para<br />

você.<br />

— O que falam <strong>de</strong>le? O que diz Tomaso?<br />

— Seu irmão fala mal <strong>de</strong> todo mundo. Se bem, que curiosamente, agora<br />

que penso nisso, não falou nada <strong>de</strong> negativo a seu respeito. Não estou certa se o

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!