INFORMAÃÃO E SEGURANÃA PÃBLICA: A ... - Crisp - UFMG
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Para um melhor entendimento dessas afirmações é interessante ampliar algumas<br />
considerações de ordem histórica já esboçadas. A série de experimentos históricos realizados<br />
sob orientação de G. Kelling em Kansas City, na década de 70, considerados como um<br />
importante estímulo para a mudança nas organizações policiais americanas, onde nasceram as<br />
bases do chamado policiamento comunitário, mostraram que as taxas de crime e satisfação do<br />
público permaneceram inalteradas mesmo quando as patrulhas foram dobradas, triplicadas ou,<br />
até pelo contrário, suprimidas. De fato, importantes estudos corroboram a concepção de que<br />
muitas soluções para problemas de segurança pública encontram-se nas mãos de outras<br />
organizações ou instituições que não a polícia. Entretanto, isto não significa que a atuação<br />
policial seja irrelevante para o controle da criminalidade.<br />
Em pesquisa sobre o impacto da ação policial sobre as taxas de criminalidade em BH<br />
realizada durante a greve da PMMG de 1997, Beato Filho (2001) verificou que os homicídios<br />
são, de fato, delitos bastante independentes da ação policial, pois trata-se de uma ocorrência<br />
que se verifica predominantemente no ambiente doméstico, entre pessoas conhecidas e que<br />
mantêm relações de proximidade social e afetiva. Entretanto, o mesmo não ocorre quando se<br />
trata de assaltos a transeuntes e ao comércio em geral. O fato é que, durante a greve, com a<br />
ausência dos policiais nas ruas, o primeiro tipo de delito não aumentou, mas o segundo<br />
cresceu consideravelmente. A atividade policial afigura-se, portanto, como fator decisivo para<br />
evitar determinados tipos de delito, como, por exemplo, crimes contra o patrimônio.<br />
Para Beato Filho (2001) a atividade policial é um importante “fator inibidor de<br />
variáveis ambientais” (p.6), como têm revelado estudos recentes. De fato, a diminuição nas<br />
taxas de criminalidade tem sido alcançada por intervenções pró-ativas da polícia, orientadas<br />
para problemas específicos que, por sua vez, podem ser determinados pela análise das<br />
ocorrências locais, e não apenas pela presença passiva de policiais em ações não focalizadas,<br />
como tem sido feito tradicionalmente. Trata-se de experiências de natureza preventiva,<br />
conjugadas com medidas sociais, como o tratamento de viciados e o incentivo à<br />
escolarização. Pode-se, então, falar de ações baseadas no diagnóstico ou conhecimento das<br />
situações e dos problemas a partir da análise de dados e de informações prestadas pela<br />
população à PM.<br />
Assim, o levantamento e a análise das ocorrências locais tende a gerar um<br />
conhecimento que permite à polícia desenvolver ações planejadas, orientadas para a meta de<br />
diminuição de oportunidades, ao mesmo tempo em que evita ou diminui a necessidade de<br />
outras ações difusas, geralmente orientadas por incidentes já consumados, os quais, em