INFORMAÃÃO E SEGURANÃA PÃBLICA: A ... - Crisp - UFMG
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que sejam, operadas na sociedade (e na polícia) brasileira durante as últimas décadas” (p.57).<br />
Vê-se, no movimento da polícia de produção e organização de novos tipos de informação<br />
sobre a criminalidade, que estes não se limitam mais apenas à espionagem 7 . Podem ser<br />
considerados como indicadores da mudança, à qual se referem os autores, quando dizem que a<br />
superação das resistências quanto ao controle externo da polícia, que muito poderia contribuir<br />
para melhorar a sua efetividade, pressupõe um processo longo, contínuo e renovado, que vem<br />
ocorrendo, ainda que de maneira incipiente e difícil, em duas frentes simultâneas: na<br />
sociedade e na própria polícia (p.57) e, sobretudo, na interação cotidiana entre as duas, a qual,<br />
do ponto de vista desta pesquisa, é mediada pela informação.<br />
Em princípio, acredita-se que, dependendo da maneira como são utilizadas e<br />
interpretadas as informações, sejam elas oficiais, de natureza estatística, produzidas pela<br />
própria organização policial com auxilio de tecnologia computacional ou produzidas pela<br />
interação dos policiais com a comunidade (nos Consep, por exemplo), podem constituir-se<br />
num instrumento de controle externo e, portanto, contribuir para incrementar a inteligência e a<br />
eficiência policiais.<br />
1.5 Policiamento e percepções sociais no Brasil<br />
No Brasil, a polícia adotou o modelo de organização característica da França e de<br />
Portugal. Ao contrário da moderna polícia inglesa, no Brasil essa instituição assume um<br />
caráter instrumental, colocando-se muito mais a serviço do Estado e de grupos dominantes do<br />
que a serviço do público. Trata-se do uso privado da violência contra a sociedade, de forma<br />
que as ações consideradas ameaçadoras ao poder político (subversiva) possam ser, então,<br />
contidas pela força da repressão.<br />
A conseqüência mais evidente e duradoura desse modelo centralizado de polícia é,<br />
mais uma vez, a desconfiança entre policiais e cidadãos. Socialmente, a polícia é representada<br />
como força a serviço dos interesses dos dirigentes políticos e contra a sociedade, e isso traz<br />
para o cidadão comum algum grau de incerteza e imprevisibilidade quanto ao que poderia<br />
ocorrer no caso de um encontro face a face com um policial.<br />
7 As IEG e os Consep, por exemplo.