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INFORMAÇÃO E SEGURANÇA PÚBLICA: A ... - Crisp - UFMG

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Pode-se dizer, a partir da revisão feita por Souza (1999), que a polícia moderna, nos<br />

moldes como hoje a conhecemos, começou como uma reação e uma tentativa de superação<br />

dessa situação, tendo sido impulsionada pela difusão da ética racional, peculiar à cultura<br />

ocidental, que se instalava no mundo das artes e das ciências e pela a introdução de regras<br />

formais e legais na administração pública e na organização da sociedade capitalista.<br />

A polícia moderna está, portanto, intimamente vinculada à aspiração de desenvolver<br />

medidas e práticas racionais para coibir a violência, até porque estas podem ser consideradas<br />

mais adequadas e compatíveis com os ideais de progresso material e econômico. Representava<br />

uma resposta do Estado racional com o intuito de buscar e garantir a paz social, utilizando-se<br />

de instrumentos coercitivos, mas num modelo que objetivava manter a ordem sob os auspícios<br />

da lei, ou seja, de imposição da “ordem sob lei”.<br />

Foi na Inglaterra que surgiu a idéia de uma organização policial moderna, burocrática,<br />

pública e estatal, desvinculada do controle e da subordinação a políticos e outros tipos de<br />

liderança locais. Isso significou e implicou, no contexto da busca de imposição de um modelo<br />

de controle social, a monopolização dos instrumentos de violência (basicamente armamentos)<br />

por parte do Estado.<br />

Em 1829, foi criada pelo parlamento inglês aquela que pode ser considerada o embrião<br />

da polícia moderna, a Metropolitan Police of London, uma organização gerenciada com base<br />

num modelo burocrático, racional-legal, que aspirava à impessoalidade e à neutralidade<br />

política e representava a imposição, pelo Estado, de normas consensuais e universais, de<br />

caráter legal e obrigatórias, destinadas a regular o comportamento e as relações entre os<br />

indivíduos.<br />

A força policial buscou, como forma de legitimação, um caráter de neutralidade e<br />

independência, inspirando-se no modelo militar de organização, caracterizado, sobretudo, pela<br />

ênfase na disciplina hierárquica (linhas de comando e autoridade), no formalismo e no<br />

profissionalismo. Tornou-se, então, um serviço público, e os policiais passaram a executar<br />

regularmente o papel de agentes impessoais do Estado, orientados, no interesse geral, por<br />

princípios racionais-legais. Nesse sentido, Lemgruber, Musumeci e Cano (2003) observam<br />

que:<br />

Disseminadas na Europa a partir do início do século XIX, as instituições<br />

policiais modernas surgiram num contexto de ampliação dos direitos civis,

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